Passos Coelho está só e desacreditado. Olha à sua volta e não vê ninguém, não vê sequer os que lhe eram mais próximos. Deixou de ver o seu tutor, Ângelo Correia, que após poucos meses de governação se afastou inexoravelmente do seu tutorando. Deixou de ver o seu braço direito, Miguel Relvas, que, após o conhecimento público do modo como alcançou uma sui generis licenciatura, não mais se passeou junto do líder. Deixou de ver o seu ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que, após não se sabe exactamente o quê, o abandonou com uma inédita carta de despedida. Deixou de ver o outrora assíduo apoio de Angela Merkel ou de Mario Draghi. Ainda vê Paulo Portas, mas esse não conta, pois preferiria não ter de o ver.
Deixou de ver as confederações patronais que já há muito procuram não ser confundidas com a sua política. Deixou de ver a UGT que, depois de ter assinado um acordo de concertação social, já apoiou uma greve geral protagonizada pela CGTP. E quanto a Cavaco Silva, às vezes vê-o a seu lado e outras vezes deixa de o ver, em particular quando este opta por enviar leis do governo para fiscalização preventiva da constitucionalidade, que depois acabam por ser chumbadas.
Neste domingo, Passos Coelho teve a confirmação formal de que também o povo já há muito o abandonou.
Só, desacreditado e desprezado, arrasta-se pelo poder, arruinando os portugueses e destruindo o país.