quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Selvajaria

Olhamos e vemos a selva instalada à nossa volta. Os actos de selvajaria multiplicam-se a uma cadência inaudita.
Falo da selvajaria política que nos envolve e que ultrapassa em muitos casos a selvajaria social e criminal. Na realidade, o larápio do esticão, o burlão dos incaustos e o carteirista dos ajuntamentos são figuras angelinas, se comparadas com Passos Coelho, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque e as demais personagens do governo. 
O termo selvajaria remete-nos para a generalização e para a banalização da crueldade e da barbárie, que é justamente aquilo em que este governo se distingue. Cruel e bárbaro, age como um animal raivoso que obsessivamente se atira à mesma vítima. Praticando sistematicamente o roubo em massa, concentrando-se fanaticamente nos pensionistas, reformados e funcionários públicos, os regentes do país procuram trivializar o exercício da sevícia de forma a que ela se institucionalize e se torne na referência comportamental de qualquer governo.
O Orçamento de Estado para 2014 é o mais recente acto da selvajaria política que nos domina. Não só comete o crime social de querer levar à indigência os mais idosos e os que exercem funções no Estado, como tem o arrojo de aliviar a carga fiscal dos mais ricos: as taxas adicionais de IRS de 2,5% e 5%, respectivamente para os rendimentos anuais superiores a 80 mil e 250 mil euros, deixam de vigorar, a partir do próximo ano.
O derrube deste governo é uma emergência nacional. A extorsão institucionalizada não pode prosseguir. Governação não é sinónimo de pilhagem, muito menos de pilhagem contínua, e menos ainda de pilhagem contínua sobre os mesmos. Quem pratica essa pilhagem e a quer transformar em lei tem de ser punido com denodo. É um imperativo ético expulsar gente assim do poder.

Adenda (às 16,30h): como é sua prática corrente, o governo, após a divulgação (acima referida), por alguns de órgãos da comunicação social, do fim da taxa adicional do IRS para os rendimentos mais elevados, veio agora atabalhoadamente corrigir-se, dizendo que irá reintroduzir essa norma no Orçamento rectificativo de 2013, com efeitos para o futuro...