sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O refugo


Salvo o erro, era para ser em Fevereiro, depois em Julho e por último era para ser em Setembro. Estamos em Outubro. Estas três datas foram sucessivamente anunciadas pelo governo como sendo os momentos em que um dos seus ministros apresentaria ao país o Plano de Reforma do Estado. Esse ministro responsável pela apresentação do Plano é Paulo Portas, actual vice-primeiro-ministro. Não o fez em Fevereiro, não o fez em Julho e não o fez em Setembro. E nada acontece. Nada acontece com o Plano e nada acontece ao ministro que não apresenta o Plano. Assim se governa em Portugal: com mentiras e sem planos. Mas com impunidade: tudo é permitido, ninguém é responsabilizado. 
Há anos que este é o nosso paradigma de governação. Nos últimos dois anos este paradigma tem sido particularmente evidente. As mentiras são incontáveis. Incontáveis porque já foi perdida a noção do número de mentiras e incontáveis pela indecência dos conteúdos. E planos para o país não existem. Hoje diz-se uma coisa, amanhã faz-se outra. No tempo que leva de governo, este primeiro-ministro fez da palavra dada uma anedota e da seriedade política uma laracha. E o vice-primeiro-ministro é o símbolo e a encarnação do que de mais púrrio há na política. Já jurou tudo e o seu contrário. Existir lugar para alguém com um perfil destes no governo de uma nação define a qualidade desse governo e o atraso dessa nação.
Quase a completarmos quarenta anos de democracia, não deixa de ser irónico estarmos, neste momento, a ser governados pelo refugo da classe política que temos.