Li, no Negócios online, que Francisco Assis defende uma coligação do PS com o PSD, se, nas próximas eleições legislativas, os socialistas vencerem sem maioria absoluta. Na mesma entrevista, Assis insurge-se contra quem tem protagonizado apupos a Passos Coelho e a outros membros do governo e contra a linguagem extremista que tem sido utilizada no parlamento.
Nenhuma destas posições suscita admiração.
No passado do comportamento político de Francisco Assis, recordo três episódios que o definem — um positivo, mas já muito longínquo no tempo, e dois muito negativos, do passado recente:
— o primeiro refere-se à coragem política e pessoal que revelou aquando dos inenarráveis acontecimentos de Felgueiras;
— o segundo refere-se à manifesta ausência de verticalidade e à não menos manifesta ostentação de cinismo político, aquando da permissão dada pelo parlamento à escandalosa fuga de impostos promovida pela administração da PT, concretizada através da antecipação, para 2010, da distribuição de dividendos aos accionistas, que deveriam ser pagos apenas em 2011 com mais pesados impostos. Nessa altura, Assis veio à televisão justificar a recusa do PS em tomar uma iniciativa legislativa que impedisse tal fuga, porque isso, cito: «defraudaria uma justificada expectativa dos accionistas da PT em pagarem menos impostos do que aqueles que, a partir de 2011, teriam de passar a pagar» (foi pena que, na altura, Assis só tivesse levado em consideração as «legítimas expectativas» dos accionistas da PT e não tivesse levado em conta as (ilegítimas?) expectativas dos pensionistas e dos funcionários públicos, a quem o PS decidiu cortar entre 5 e 10% das respectivas pensões e vencimentos, nesse mesmo ano);
— o terceiro refere-se à falta de pudor político que revelou na defesa e na idolatria que promoveu à figura de Sócrates, cujo ponto alto foi o célebre congresso/comício-panegírico, realizado em Matosinhos, em 2011.
Na realidade, Assis continua a ser um representante do socratismo, cujas políticas — nas finanças, na economia, na educação, na justiça e nas obras públicas — conduziram o país a um nível de degradação nunca atingido anteriormente. Assis foi co-responsável por essas políticas e, hoje, ao vir defender uma possível aliança com o PSD, Assis confirma o que já se sabia: não deve ser alimentada nenhuma esperança de construção de uma nova política para o país, se essa esperança depender da ala do PS ligada a Sócrates.
As ideias e a prática política destes dirigentes socialistas não podem ter lugar em nenhum cenário alternativo ao actual governo. Na verdade, as suas ideias e as suas práticas não foram nem nunca serão alternativas às políticas do PSD, as suas ideias e as suas práticas foram e continuarão a ser coadjuvantes das políticas do PSD. Assis é um exemplo objectivo dessa coadjuvação.
As ideias e a prática política destes dirigentes socialistas não podem ter lugar em nenhum cenário alternativo ao actual governo. Na verdade, as suas ideias e as suas práticas não foram nem nunca serão alternativas às políticas do PSD, as suas ideias e as suas práticas foram e continuarão a ser coadjuvantes das políticas do PSD. Assis é um exemplo objectivo dessa coadjuvação.