Às nossas elites política, financeira e patronal, que são responsáveis pelo estado em que nos encontramos, junta-se uma quarta elite, igualmente responsável e igualmente medíocre, a elite dos nossos comentadores profissionais.
Bem pagos e bem instalados na vida, muitos destes comentadores têm a sua existência justificada pela circunstância de serem produto visual do sistema dominante. Conscientes dessa circunstância, assumem, nos órgãos de comunicação social, o papel de replicantes das ideias e dos valores do sistema que os gerou. Replicam ideias e valores e replicam interesses. Os do sistema e os seus. Alguns desses comentadores, os mais zelosos e zelotas, não resistem à tentação de expor o que julgam ser pensamento próprio. Quando isto sucede, o embuço que lhes oculta as intenções, o carácter e a inteligência, de pouco serve. Hoje de manhã, na televisão pública, um destes comentantes perguntou, em português macarrónico, que eu transcrevo fielmente: «Se eu tiver um licenciado de pessoas em história ou pessoas para serem professores, qual é a utilidade para a economia, então se nós não precisamos deles?»
Seria uma jactura de tempo responder a esta burlesca pergunta, mas certamente que já não será uma jactura, nem de tempo nem de sentido, interrogar se há alguma utilidade para a economia, ou para o que for, termos comentantes desta natureza e género? Alguém precisa deles?