Os puritanos reclamam-se os garantes dos bons costumes e apregoam um severo código moral. Fernando Savater, na Ética para Amador, fala sobre essa moralidade:
«Os puritanos consideram-se as pessoas com mais moral do mundo e além disso guardiães da moralidade dos seus vizinhos [...] O seu modelo parece a senhora daquele conto... recordas-te? Chamou a polícia para protestar porque havia uns miúdos nus a tomar banho frente à sua casa. A polícia afastou os miúdos, mas a senhora voltou a chamá-la, dizendo que estavam a tomar banho (despidos, sempre despidos) um pouco mais acima e que o escândalo se mantinha. A polícia afastou-os de novo e a senhora tornou a protestar. "Mas, minha senhora, — disse o inspector —, se os mandámos para mais de um quilómetro e meio de distância ..." E a puritana respondeu, virtuosamente indignada: "Sim, mas com os binóculos continuo a vê-los!".»
Pedro González Calero, A Filosofia com Humor, Planeta (adaptado).