Hoje é dia 18 de Dezembro, o 1.º período está terminado. Decorreram três meses desde que o se iniciou o ano lectivo. Já decorreu mais de meio ano desde que a revisão curricular foi apresentada. Com uma irresponsabilidade impressionante e um incomparável laxismo, Nuno Crato nada fez para corrigir uma situação que provavelmente nem no terceiro mundo acontece (em 19 de Outubro, referi-me a ela aqui).
Desde Setembro, temos uma disciplina obrigatória no ensino secundário regular e no ensino secundário recorrente a ser leccionada nas nossas escolas com três cargas horárias diferentes. O programa é um só e o exame nacional também. A disciplina chama-se Filosofia. Durante todo o 1.º período, esta disciplina foi leccionada, no ensino regular, numas escolas, 4 vezes por semana, em aulas de 45 minutos; em outras escolas, 3 vezes por semana, em aulas de 50 minutos; e, no ensino recorrente, 3 vezes por semana, em aulas de 45 minutos. Isto quer dizer que, chegados a esta altura, houve alunos que tiveram cerca de 2340 minutos de aulas de Filosofia, outros cerca de 1950 e outros ainda cerca de 1755 minutos. Apesar de ter sido solicitado ao ministério da Educação, não chegou às escolas qualquer indicação de alteração do programa (que foi pensado para ser leccionado em aulas de 45 minutos, 4 vezes por semana) ou qualquer nova orientação na gestão do mesmo. E a situação totalmente inaceitável que ocorreu no 1.º período prosseguirá e agravar-se-á até ao final do ano lectivo.
Evidentemente que os alunos com menos horas de aulas serão gravemente prejudicados: ficarão impossibilitados de realizar aprendizagens previstas; ficarão impossibilitados de realizar actividades de aquisição e/ou de consolidação de conhecimentos/aprendizagens; e ficarão em manifesta desigualdade, no caso de fazerem exame nacional, em relação aos seus colegas com mais horas de aulas.
Nuno Crato não é inimputável, tem de ser responsabilizado.