Algumas das notícias dos últimos dias anunciam que o governo se prepara para proceder a uma ainda maior redução salarial na função pública, que se prepara para reduzir ainda mais as pensões, que se prepara para limitar ainda mais os apoios sociais e que se prepara ainda para se livrar de milhares de profissionais do Estado. Para o actual governo, o problema de Portugal é um único: o Estado. Do seu ponto de vista, reduzindo as funções do Estado a pouco mais do que nada, os problemas do país deixam de existir. A ideia é conhecida e é simples: um Estado com poucas despesas não gera défices, não se endivida e cobra menos impostos. Assim, segundo o pensamento governamental, as finanças ficam saudáveis e a economia torna-se pujante, porque deixa de ter o empecilho do Estado a sufocá-la. Contabilisticamente é algo de semelhante ao paraíso. Passos, Gaspar, Portas, PSD e CDS desejam um país assim.
O problema é que se contabilisticamente é algo de semelhante ao paraíso, socialmente é algo de semelhante ao inferno e eticamente é deplorável.
Socialmente é o inferno porque num país com reduzidos serviços públicos e com reduzidos apoios públicos a maioria das pessoas deixa de ter acesso, de forma gratuita ou a preços comportáveis, a serviços essenciais (saúde, educação, fornecimento de água e energia, correios, transportes colectivos) ao que acresce a ausência de apoios básicos à subsistência, para aqueles que mais necessitam. Isto é: quem pode pagar usufrui de saúde, de educação e de todos os bens fundamentais, quem não pode pagar não usufrui. Como a riqueza não é distribuída, como não há mecanismos de solidariedade social, a pobreza aumenta, a qualidade de vida da maioria diminui. Mas contabilisticamente o país fica óptimo.
Eticamente este modelo de sociedade é deplorável, porque é um modelo mais ou menos inspirado no modo de vida da savana: os mais fortes impõem a sua vontade e interesses e os demais lutam pela sobrevivência — mas, no ser humano, acresce uma particularidade: muitas vezes os designados de «mais fortes» são simplesmente os que estão mais capacitados para a trapaça, para a burla ou para o embuste, não são os «melhores», como insistentemente nos é sugerido pelos ideólogos deste arquétipo social.
Votos de bom ano? Se, em 2013, o actual governo não for derrubado, não é possível termos um bom ano, porque será este o caminho que o país continuará a seguir. Se, em 2013, o governo cair, criam-se condições para que o ano não seja tão mau.
Desejar um bom ano é pois desejar o fim deste governo.
Socialmente é o inferno porque num país com reduzidos serviços públicos e com reduzidos apoios públicos a maioria das pessoas deixa de ter acesso, de forma gratuita ou a preços comportáveis, a serviços essenciais (saúde, educação, fornecimento de água e energia, correios, transportes colectivos) ao que acresce a ausência de apoios básicos à subsistência, para aqueles que mais necessitam. Isto é: quem pode pagar usufrui de saúde, de educação e de todos os bens fundamentais, quem não pode pagar não usufrui. Como a riqueza não é distribuída, como não há mecanismos de solidariedade social, a pobreza aumenta, a qualidade de vida da maioria diminui. Mas contabilisticamente o país fica óptimo.
Eticamente este modelo de sociedade é deplorável, porque é um modelo mais ou menos inspirado no modo de vida da savana: os mais fortes impõem a sua vontade e interesses e os demais lutam pela sobrevivência — mas, no ser humano, acresce uma particularidade: muitas vezes os designados de «mais fortes» são simplesmente os que estão mais capacitados para a trapaça, para a burla ou para o embuste, não são os «melhores», como insistentemente nos é sugerido pelos ideólogos deste arquétipo social.
Votos de bom ano? Se, em 2013, o actual governo não for derrubado, não é possível termos um bom ano, porque será este o caminho que o país continuará a seguir. Se, em 2013, o governo cair, criam-se condições para que o ano não seja tão mau.
Desejar um bom ano é pois desejar o fim deste governo.