Li hoje que Sócrates falou numa conferência em Paris (no pólo da Universidade de Poitiers). Há umas semanas, Teixeira dos Santos já tinha falado numa conferência na Faculdade de Economia do Porto. Ambos falaram de Economia, de Finanças, do que se deve e não deve fazer nestes domínios e que caminho o país deve seguir.
Sou ateu. Não acredito no divino, e, naturalmente, menos acredito em intervenções divinas na vida terrena. Mesmo que fosse teísta teria como excluída a possibilidade desse género de intervenções. Dito isto, sinto a obrigação de acrescentar que, por vezes, ocorrem situações que abalam não só a minha descrença no sobrenatural como também a descrença na possibilidade dele intervir nos nossos mais prosaicos assuntos. A realização destas duas conferências, com os dois citados protagonistas, inscreve-se nesse tipo de ocorrências.
Na realidade, aquelas conferências são acontecimentos de difícil explicação. Mais precisamente: são acontecimentos de dificílima explicação. Não me refiro à circunstância de os dois protagonistas em causa se disponibilizarem para discursar sobre Economia e Finanças, depois de tudo o que fizeram ao país e aos portugueses — há muito que os seus comportamentos já perderam a capacidade de me espantar; refiro-me, e isso é que suscita a possibilidade de eu admitir a intervenção de algo aproximado do género sobrenatural, à circunstância de haver quem os convide para conferenciar e de haver quem se disponha a ouvi-los. A credibilidade que Sócrates e Teixeira dos Santos possuem para conferenciar sobre Economia e Finanças é mais ou menos idêntica à credibilidade que um pai tirano possui para conferenciar sobre tolerância familiar. Não vejo, pois, modo razoável de explicar o fenómeno de haver quem se desloque para os ouvir discursar, se não me socorrer da hipótese de acção do sobrenatural.
Na realidade, aquelas conferências são acontecimentos de difícil explicação. Mais precisamente: são acontecimentos de dificílima explicação. Não me refiro à circunstância de os dois protagonistas em causa se disponibilizarem para discursar sobre Economia e Finanças, depois de tudo o que fizeram ao país e aos portugueses — há muito que os seus comportamentos já perderam a capacidade de me espantar; refiro-me, e isso é que suscita a possibilidade de eu admitir a intervenção de algo aproximado do género sobrenatural, à circunstância de haver quem os convide para conferenciar e de haver quem se disponha a ouvi-los. A credibilidade que Sócrates e Teixeira dos Santos possuem para conferenciar sobre Economia e Finanças é mais ou menos idêntica à credibilidade que um pai tirano possui para conferenciar sobre tolerância familiar. Não vejo, pois, modo razoável de explicar o fenómeno de haver quem se desloque para os ouvir discursar, se não me socorrer da hipótese de acção do sobrenatural.
Neste momento, coloquei o meu ateísmo sob revisão.