1. No domingo à noite, tive o privilégio de assistir à entrevista(?) dada pelo escritor Gonçalo M. Tavares a Rebelo de Sousa, na TVI. Infelizmente foram poucos minutos, mas foram saborosos minutos. Entre outras observações, Tavares falou sobre o poder mágico da palavra e sobre o actual domínio da quantidade sobre a qualidade. E fê-lo de forma magnífica. Fiquei impressionado.
2. Na sexta-feira, ouvi as conclusões da Cimeira dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia. Também fiquei impressionado. Desta vez, com a mediocridade. Com a mediocridade de Merckel, de Sarkozy. Com a mediocridade de todos os outros chefes de Governo que não sabem ter voz própria e, menos ainda, pensamento próprio. Com a mediocridade de Cameron que tem voz própria, mas é a voz da insularidade política, a voz de quem não está nem nunca esteve interessado em uniões, menos ainda se forem europeias. A Europa caminha mesmo para o desastre. E com ela vamos todos.
3. No sábado, reparei na página 3 do Expresso. Numa altura em que a Europa está à beira do desmembramento e, potencialmente, à beira do regresso à barbárie; numa altura em que o país está desnorteado e o mundo também não anda lá muito bom; aquele jornal achou por bem colocar na sua página interior mais importante, com letras garrafais e ocupando mais de metade do espaço, a notícia de que Passos Coelho se tinha esquecido do iPad no avião, quando se deslocou a Angola.
Voltei a ficar impressionado, desta feita, com os sempre misteriosos mas alegadamente sempre muito rigorosos «critérios jornalísticos».