A manifestação de ontem ficou aquém do que era esperado e do que era exigido. Os 100 mil manifestantes de que os sindicatos falam é um número que não tem nenhuma correspondência com a realidade. Já é tempo de os sindicatos aprenderem, entre outras coisas, a falar verdade. Não era necessário ser especialista em contagem de presenças numa manifestação para se perceber que o número de pessoas que desfilou entre o Marquês de Pombal e os Restauradores estava muitíssimo aquém dos 100 mil professores presentes na Marcha da Indignação, de 8 de Março de 2008.
Três breves notas:
Três breves notas:
1. Talvez fosse aconselhável os sindicatos dedicarem algum do seu tempo a reflectir sobre o trabalho que nos últimos anos têm desenvolvido, de modo a que possam compreender os motivos que conduziram a uma mobilização significativamente inferior à esperada, no exacto momento em que mais havia, há e haverá razões para veementes e continuados protestos. Não se compreende, aliás, o escasso investimento realizado na divulgação desta manifestação. Há algo de muito errado no meio de tudo isto.
2. A menor participação na manifestação não significa, certamente, que os profissionais do Estado estão de acordo com a política de Sócrates. Poderá significar muitas e diversas coisas, mas nenhuma delas será, seguramente, sinónimo de apoio à incompetência, ao aventureirismo e à irresponsabilidade do Governo que temos.
3. O inconformismo perante o rumo que o país e a Europa estão a seguir tem de encontrar múltiplas e diferentes formas de se revelar e intensificar. É um imperativo cívico e ético desenvolver uma oposição firme aos modelos e às práticas políticas que permitem o domínio dos interesses financeiros sobre os direitos mais elementares de toda a população.