quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Às quartas

A PALAVRA

Na febre do som
Do sopro
A treva é flama-fala.

Lá, fugindo da laringe,
A terra exala.

Expiram
As almas
Das palavras não compostas.

Deposita-se a crosta
Dos mundos que nos portam.

Sobre o mundo formado
Paira a profundidade
Das palavras proferíveis.

Profundamente ora
A palavra das palavras. Sarça viva.

E do futuro
Paraíso
Alça-se a serra adunca

Por onde em chamas, consumido,
Não passarei: nunca.

Andréi Biéli
(Trad.: Augusto de Campos e Boris Schnaiderman)