A PALAVRA
Na febre do som
Do sopro
A treva é flama-fala.
Lá, fugindo da laringe,
A terra exala.
Expiram
As almas
Das palavras não compostas.
Deposita-se a crosta
Dos mundos que nos portam.
Sobre o mundo formado
Paira a profundidade
Das palavras proferíveis.
Profundamente ora
A palavra das palavras. Sarça viva.
E do futuro
Paraíso
Alça-se a serra adunca
Por onde em chamas, consumido,
Não passarei: nunca.
Andréi Biéli
(Trad.: Augusto de Campos e Boris Schnaiderman)