terça-feira, 28 de outubro de 2008

Fenprof recusa desmarcar protesto

«Fenprof recusa desmarcar protesto», este é o título de uma notícia do Diário de Notícias, de hoje. Aí, pode ler-se o que pensa o secretário-geral daquela federação: «Nós não vamos suspender uma acção para a qual já há centenas de pessoas mobilizadas.» Mais à frente, acrescenta: «Se houver duas manifestações há. Se houver dez, melhor. O que não pode é haver uma manifestação em que o discurso antiministerial é tão forte como o anti-sindical.»
Três notas:
1. Não se suspende uma acção porque já há centenas de pessoas mobilizadas. É essa a razão? Então, por que motivo foi marcada essa acção, se já estava marcada uma outra para uma semana depois?

2.
Não tenho verificado aquilo que Mário Nogueira afirma: a existência de um discurso antiministerial tão forte como o anti-sindical. Aliás, não vejo um discurso anti-sindical, o que eu vejo, e subscrevo, é um discurso contra determinada política sindical, cujo momento mais alto, e mais recente, foi a assinatura do Memorando de Entendimento com o Governo. Isto é, as críticas que são dirigidas aos sindicatos são originadas, exactamente, na sua falta de firmeza na oposição à política educativa mais desastrosa levada a cabo por um governo, depois do 25 de Abril.
Fossem os sindicatos efectivos porta-vozes e defensores do que é inegociável, isto é, da dignidade dos professores, e ninguém sentiria necessidade de constituir, agora, movimentos ou associações de professores.
Fossem os sindicatos consequentes na sua acção e não abdicassem, na primeira oportunidade, de reivindicações justas e sérias, como é, indiscutivelmente, o caso da suspensão e alteração do actual modelo de avaliação de desempenho; e ninguém sentiria necessidade de convocar uma manifestação nacional (recordo, a propósito, que na altura em que foi marcada a manifestação do dia 15 de Novembro, a Fenprof dizia, publicamente, que estava a estudar se seria no 1º ou no 2º período que realizaria novo desfile nacional...).

3.
Os sindicatos não têm autoridade para dar lições a ninguém.
Conviria, sim, que se preocupassem com as razões pelas quais cada vez mais professores acusam a política sindical de estar dependente de interesses partidários, que desvirtuam e inquinam a própria natureza da organização sindical.
E conviria, particularmente, que assumissem a responsabilidade de saberem representar 100 mil profissionais que disseram NÃO à incompetência e à arbitrariedade do actual sistema de avaliação.