O calendário religioso tem destas coisas. Apaixonados ou indiferentes ao bíblico sofrimento e redenção pascal, estamos todos, ateus, agnósticos, crentes, indecisos e quejandos "de saída". Aguardando a hora que marca a tolerância (a de ponto, que ainda se vai mostrando por cá) arrumamos as ferramentas e atiramos para o colega ao lado: Boa Páscoa! A cena tem efeito boomerang - Boa Páscoa!, ouvimos de volta. E no acto ilocutório vamos espalhando, não promessas, que não estamos em campanha, mas uma vontade íntima, um arremedo de desejo. Expressamos o voto da ressurreição. Levamos, nos olhos cansados, uma alma inflamada e recrudescente de dignidade, de vontade, de incarnada determinação: Ressurgiremos!
A todos, votos de Boa Páscoa!