“A legislação é contraditória, mal feita, não está redigida em português. Aos textos normativos, que aliás depois ninguém cumpre, ninguém sabe interpretar, sucedem-se as portarias de regulamentação, quando não os decretos regulamentares. As normas são confusas e as instituições, que resultam da acção de pessoas, ressentem-se do facto de a formação humana ser inteiramente descurada.” (Vitorino Magalhães Godinho, «Portugal. A Pátria Bloqueada e a Responsabilidade da Cidadania»)
Como continuam actuais as palavras de um dos maiores historiadores deste país. Aliás, a citação aqui feita poder-se-ia ilustrar com múltiplos exemplos tirados do actual quadro normativo do nosso sistema educativo.
Sou professor há quase três décadas. Nos últimos três anos, fui progressivamente sentindo um nojo imenso por tudo o que o actual poder tem feito para acabar de vez com a existência de professores que o sejam de facto: gente que pensa, que sente, que questiona, que estuda, que se informa, que assume a enorme responsabilidade de contribuir para a formação da consciência cívica do povo a que pertence. Desgraçadamente, muitos de nós vão perdendo a esperança, fazendo cálculos para a hipótese de uma reforma antecipada, mesmo com grave penalização. Não sei se ainda haverá quem seja capaz de impedir que o futuro seja de "professores" que apenas o são por alcunha, seres invertebrados, simples agentes de um poder que tudo quer controlar ... sobretudo o livre pensamento (será ainda livre como o vento, poeta M. Alegre?!).
Como continuam actuais as palavras de um dos maiores historiadores deste país. Aliás, a citação aqui feita poder-se-ia ilustrar com múltiplos exemplos tirados do actual quadro normativo do nosso sistema educativo.
Sou professor há quase três décadas. Nos últimos três anos, fui progressivamente sentindo um nojo imenso por tudo o que o actual poder tem feito para acabar de vez com a existência de professores que o sejam de facto: gente que pensa, que sente, que questiona, que estuda, que se informa, que assume a enorme responsabilidade de contribuir para a formação da consciência cívica do povo a que pertence. Desgraçadamente, muitos de nós vão perdendo a esperança, fazendo cálculos para a hipótese de uma reforma antecipada, mesmo com grave penalização. Não sei se ainda haverá quem seja capaz de impedir que o futuro seja de "professores" que apenas o são por alcunha, seres invertebrados, simples agentes de um poder que tudo quer controlar ... sobretudo o livre pensamento (será ainda livre como o vento, poeta M. Alegre?!).
A propalada avaliação do desempenho é o fechar de um ciclo de enxovalhamento e aniquilação da vontade, de acabar com o gosto de ser professor, em suma, da destruição da dignidade profissional. Mas, pelos vistos, nem cem mil são suficientes para, DEMOCRATICAMENTE, levar o poder político a um mínimo de respeito profissional por aqueles que directamente tutela.
Na obscenidade da cena, recentemente divulgada, em que a rapariguinha de 15 anos trata violentamente e sem um pingo de respeito uma professora, o mais chocante, para mim, é o comportamento geral da turma. Que geração estamos a educar (?!). Que noção de decência humana têm estes jovens?
A dignidade da sala de aula deixou, definitivamente. de existir. Começou por ser, paulatinamente, posta em causa pelas sucessivas políticas de analfabetos da pedagogia. Recentemente, a vergonha a que chamaram "aulas de substituição" fez o resto.
“Posso viver sem carreira, não posso é viver sem princípios”, dizia um oficial da Marinha Americana quando confrontado com a chantagem como salvaguarda do seu posto.
É em nome dos princípios e valores em que fundei as minhas relações com os outros, e particularmente com os meus alunos, que darei sempre o meu contributo, por modesto que seja, na defesa do que de mais nobre tem a profissão para onde vim por opção consciente: a dignidade, a honra ... a cultura. Estou neste blogue, também, para isso.