quinta-feira, 20 de março de 2008

Mudar

«Quem quer destruir a escola pública é quem não quer mudar nada» afirmou, mais uma vez, a ministra da Educação. Desta vez, disse-o, na terça-feira, na Assembleia da República, mas tem-no dito em todo o lado, a propósito e a despropósito. É uma repetição do já de si repetitivo e estereotipado discurso do primeiro-ministro.
Este governo elegeu o verbo «mudar» como o ex libris da sua governação. Contudo não interessa saber a razão pela qual se deve mudar. Não interessa saber para que se deve mudar. Não interessa saber como se deve mudar. Nada disto interessa. Nem interessa sequer saber se, eventualmente, a mudança poderá ser para pior. O «mudar» basta-se a si próprio, contenta-se a si mesmo. A substância da mudança não preocupa o governo, só a aparência que essa mudança pode produzir. Deste modo, o governo e, neste caso, a ministra da Educação, fogem à discussão do conteúdo das mudanças. Por mais incompetente e desapropriada que seja a mudança, como é o caso objectivo do novo modelo de avaliação de desempenho dos professores, ela está auto-justificada. E, por norma, arrogantemente auto-justificada.