O que esta manhã aconteceu em dezenas de escolas, durante a realização da (pseudo) prova dirigida aos professores contratados, deveria ser razão mais do que suficiente para que o responsável pela pasta da Educação se demitisse de imediato.
Se Nuno Crato não se demitir, ficaremos com a certeza de que para além da objectiva impreparação técnica e política para o exercício do cargo também existe uma objectiva falta de consciência sobre as responsabilidades éticas e cívicas das suas funções.
Os acontecimentos ocorridos são de tal forma graves que não existe outra saída decente que não seja o abandono do posto de ministro. Para além da adesão à greve ter sido esmagadora, mesmo nas escolas onde a (pseudo) prova se realizou — o que deixa Nuno Crato votado a um isolamento insuportável —, a não realização da mesma em múltiplos estabelecimentos de ensino, por falta de condições, e as centenas de casos de assumida e consciente recusa da sua prestação constituem factos incontornáveis que retiram a autoridade política ao ministro da Educação. Desde que tomou posse, a sua descredibilização tem sido regular e progressiva e agora chegou a um ponto de não retorno.
Ter a capacidade para reconhecer isto será um acto de clarividência, provavelmente o único do seu mandato. Não ter essa capacidade conduzirá a um agravamento da situação de guerra aberta entre o governo e os professores. Teimar na realização da (pseudo) prova, marcando nova data, irá provocar novos e mais graves conflitos, pois não havendo uma única razão séria que sustente a existência desta prova, aos professores só resta o caminho da defesa da sua dignidade profissional.