Excertos de uma entrevista de Ferreira do Amaral à
Revista, do
Expresso, desta semana:
«Eu acho que a Alemanha é muito óbvia. Em Maastricht, criou o euro à imagem do marco e não aceitou nada que não fosse aquilo. Fez o alargamento a Leste em 2004. Depois eliminou os pequenos países com o Tratado de Lisboa e agora fez o tratado Orçamental. O alargamento era o prolongamento do espaço vital alemão.»
«O presidente da Comissão Europeia é, na parte económica, um desastre. Nas outras, faz o que lhe é pedido, sem pensamento próprio nem competência técnica, o que me aflige.»
«Não conheço nenhuma experiência histórica em que um país se tenha desenvolvido pelo cadernos neoliberais. Mesmo os Estados Unidos, com toda a iniciativa provada, tiveram um Estado fortíssimo a ajudá-los.»
«O [nosso] grande falhanço foi a formação profissional. [...] Dinheiro mal gasto. Na parte das infraestruturas, as estradas eram necessárias, embora depois se exagerasse. E não se ligou aos portos e aos comboios. [...] Não sei se a deriva anti-indústria já vinha de antes ou não, creio que não.»
«As elites [portuguesas] foram sempre fraquinhas mas é raro um falhanço tão grande como o da política europeia.»