Os portugueses enfrentam vários problemas. Os professores portugueses enfrentam os mesmos problemas e ainda os seus problemas particulares.
Os portugueses enfrentam o problema da crise internacional, enfrentam o ainda mais grave problema da crise nacional e ainda enfrentam o gravíssimo problema de serem governados por um primeiro-ministro irresponsável, cuja credibilidade é nula.
Os professores portugueses enfrentam os mesmos problemas e ainda mais dois particulares:
— o primeiro é o de serem liderados por uma nova ministra da Educação que revela ser uma sorridente aprendiz da anterior ministra da Educação e apenas isso; que revela ter um discurso sobre Educação substantivamente muito próximo da insignificância; e que revela possuir, no Governo, um peso político igual a zero;
— o segundo é o de terem sindicatos liderados por gente incapaz de defender a classe e a função docente quando esta é vil, continuada e persistentemente atacada por um núcleo de políticos aventureiros e irresponsáveis.
O problema da nova ministra só tem resolução se for resolvido o problema do primeiro-ministro. Se o primeiro-ministro for demitido e se lhe suceder um novo Governo com uma política para a Educação completamente diferente.
O problema dos sindicatos é de outra natureza. Do meu ponto de vista, já o escrevi noutras ocasiões, o problema sindical só poderá ser resolvido quando os sindicatos forem organizações independentes dos partidos políticos. Sejam quais forem os sindicatos, sejam quais forem os partidos. A incompatibilidade objectiva que existe entre ser dirigente sindical e, simultaneamente, pertencer ao órgão dirigente de um partido é uma incompatibilidade que os partidos políticos não estão interessados em discutir: aceitar essa incompatibilidade teria como consequência retirar aos partidos políticos o efectivo controlo da actividade sindical. Ora, ao alienarem esse controlo, os partidos estariam a alienar o controlo dos principais movimentos sociais, o que lhes retiraria uma parte fundamental da força e do poder político que detêm. Enquanto esta alteração estrutural não ocorrer, nada de significativo será alterado na política sindical.
Os sindicatos deveriam ser organizações poderosas, independentes e credíveis. Mas não o são. Uma organização poderosa que tivesse a apoiá-la um desfile nacional de 100 mil professores, seguido de outro de 120 mil e de duas greves nacionais, com níveis de adesão superiores a 90%, em circunstância alguma teria aceitado assinar um Memorando de Entendimento e um Acordo de Princípios que caucionassem o mais vituperioso processo de avaliação que é possível imaginar. Uma organização independente em circunstância alguma aceitaria submeter a defesa da função docente e da Educação às estratégias partidárias, como a FNE e a FENPROF sempre têm feito. Uma organização credível não dá o dito por não dito, consoante as circunstâncias, não anuncia guerras para em seguida se desvanecer em sorrisos, nem tem o seu secretário-geral a escrever artigos de opinião da natureza daquele que há semanas saiu no jornal Público (e que, na minha opinião, deveria ter sido por ignorado).
Enquanto forem estes os dirigentes sindicais e enquanto o problema de fundo não for resolvido, continuarei a não ter nenhuma confiança nas estratégias de acção ditadas pelas direcções dos sindicatos nem nos seus discursos. Invariavelmente, o epílogo é o mesmo, e esse mesmo é invariavelmente mau.
Sendo esta a realidade sindical existente, ela não pode, todavia, conduzir à inacção ou a um exercício de contestação das políticas governativas exclusivamente centrado em actos individuais. A ministra da Educação que temos, o primeiro-ministro que temos e o Governo que temos não podem beneficiar do facto de termos os sindicatos que temos. Deste modo, aqueles que, como eu, se encontram em divergência com a prática sindical dominante e, ao mesmo tempo, em oposição absoluta à política deste Governo terão de se posicionar, relativamente às iniciativas sindicais, em função da avaliação política que façam de cada situação em concreto e em função do que a consciência de cada um determinar.
Dessa avaliação e determinado pela consciência, irei dia 29 de Maio à Manifestação Nacional. Irei com a convicção de que, neste momento, é um imperativo político exercer colectivamente uma contestação veemente e irreversível ao actual Governo, ainda que saiba da falta de seriedade política das direcções sindicais que promovem a Manifestação.
Os portugueses enfrentam o problema da crise internacional, enfrentam o ainda mais grave problema da crise nacional e ainda enfrentam o gravíssimo problema de serem governados por um primeiro-ministro irresponsável, cuja credibilidade é nula.
Os professores portugueses enfrentam os mesmos problemas e ainda mais dois particulares:
— o primeiro é o de serem liderados por uma nova ministra da Educação que revela ser uma sorridente aprendiz da anterior ministra da Educação e apenas isso; que revela ter um discurso sobre Educação substantivamente muito próximo da insignificância; e que revela possuir, no Governo, um peso político igual a zero;
— o segundo é o de terem sindicatos liderados por gente incapaz de defender a classe e a função docente quando esta é vil, continuada e persistentemente atacada por um núcleo de políticos aventureiros e irresponsáveis.
O problema da nova ministra só tem resolução se for resolvido o problema do primeiro-ministro. Se o primeiro-ministro for demitido e se lhe suceder um novo Governo com uma política para a Educação completamente diferente.
O problema dos sindicatos é de outra natureza. Do meu ponto de vista, já o escrevi noutras ocasiões, o problema sindical só poderá ser resolvido quando os sindicatos forem organizações independentes dos partidos políticos. Sejam quais forem os sindicatos, sejam quais forem os partidos. A incompatibilidade objectiva que existe entre ser dirigente sindical e, simultaneamente, pertencer ao órgão dirigente de um partido é uma incompatibilidade que os partidos políticos não estão interessados em discutir: aceitar essa incompatibilidade teria como consequência retirar aos partidos políticos o efectivo controlo da actividade sindical. Ora, ao alienarem esse controlo, os partidos estariam a alienar o controlo dos principais movimentos sociais, o que lhes retiraria uma parte fundamental da força e do poder político que detêm. Enquanto esta alteração estrutural não ocorrer, nada de significativo será alterado na política sindical.
Os sindicatos deveriam ser organizações poderosas, independentes e credíveis. Mas não o são. Uma organização poderosa que tivesse a apoiá-la um desfile nacional de 100 mil professores, seguido de outro de 120 mil e de duas greves nacionais, com níveis de adesão superiores a 90%, em circunstância alguma teria aceitado assinar um Memorando de Entendimento e um Acordo de Princípios que caucionassem o mais vituperioso processo de avaliação que é possível imaginar. Uma organização independente em circunstância alguma aceitaria submeter a defesa da função docente e da Educação às estratégias partidárias, como a FNE e a FENPROF sempre têm feito. Uma organização credível não dá o dito por não dito, consoante as circunstâncias, não anuncia guerras para em seguida se desvanecer em sorrisos, nem tem o seu secretário-geral a escrever artigos de opinião da natureza daquele que há semanas saiu no jornal Público (e que, na minha opinião, deveria ter sido por ignorado).
Enquanto forem estes os dirigentes sindicais e enquanto o problema de fundo não for resolvido, continuarei a não ter nenhuma confiança nas estratégias de acção ditadas pelas direcções dos sindicatos nem nos seus discursos. Invariavelmente, o epílogo é o mesmo, e esse mesmo é invariavelmente mau.
Sendo esta a realidade sindical existente, ela não pode, todavia, conduzir à inacção ou a um exercício de contestação das políticas governativas exclusivamente centrado em actos individuais. A ministra da Educação que temos, o primeiro-ministro que temos e o Governo que temos não podem beneficiar do facto de termos os sindicatos que temos. Deste modo, aqueles que, como eu, se encontram em divergência com a prática sindical dominante e, ao mesmo tempo, em oposição absoluta à política deste Governo terão de se posicionar, relativamente às iniciativas sindicais, em função da avaliação política que façam de cada situação em concreto e em função do que a consciência de cada um determinar.
Dessa avaliação e determinado pela consciência, irei dia 29 de Maio à Manifestação Nacional. Irei com a convicção de que, neste momento, é um imperativo político exercer colectivamente uma contestação veemente e irreversível ao actual Governo, ainda que saiba da falta de seriedade política das direcções sindicais que promovem a Manifestação.