Não é novidade: sempre que o país «vai aos mercados colocar dívida», governantes, deputados da maioria e certos comentadores surgem trigosamente a declarar o êxito dessas operações. Segundo estes narradores, cada ida aos mercados é um êxito maior do que o êxito anterior. Esta semana voltou a acontecer: 3 mil milhões de euros de dívida, a um prazo de 10 anos, com um juro de 5,11%, e mais um êxito celebrado.
Aqueles que têm chamado a atenção para o óbvio — aquilo que aconteceu foi que a dívida aumentou em mais 3 mil milhões de euros, a um juro objectivamente incomportável para a nossa economia — perdem tempo e energia. Nada demove a máquina governamental e jornalística da mentira. É curioso verificar como os sempre fervorosos adeptos da folha de Excel são capazes de, misteriosamente, interromper o fervor da sua crença nos números — que, neste caso, lhes revela não existir sombra de êxito nos resultados alcançados — e avançar para explicações de natureza subjectiva, para interpretações psicológicas e para avaliações discutíveis (enfim, para tudo aquilo que normalmente rejeitam e condenam, por alegada falta de rigor e objectividade), para exaltarem o que não tem exaltação. O que interessa mesmo é preservar a mentira, o que é mesmo imperioso é manter a encenação até 2015.
Este governo e, em particular, Passos Coelho têm um enorme défice no domínio das finanças, mas tem um défice muito maior no domínio da verdade. Na realidade, está quase a fazer três anos que Passos Coelho andou pelo país a mentir aos portugueses como ninguém até hoje foi capaz de lhes mentir — ultrapassou largamente Sócrates, o que não era fácil de conseguir.
Passos Coelho e Paulo Portas corporizam o que de mais descredibilizado existe na política portuguesa: já disseram tudo e o seu contrário, com uma desfaçatez que impressiona. Neste momento, ambos estão apostados em levar até ao fim a sua sobrevivência política mesmo que isso custe a sobrevivência de milhares de portugueses e do país. Por cada «êxito» por eles reclamado, temos mais endividamento ou mais miséria, ou mais desemprego, ou mais redução de vencimentos, ou mais cortes nas pensões e reformas, ou mais precariedade, ou mais espezinhamento de direitos de quem trabalha, ou tudo isto em simultâneo.
Cada «êxito» de Passos Coelho é um passo não de coelho mas de gigante para a ruína final. Se este governo não for derrubado e se chegarmos ao último dia dos seus «êxitos», chegaremos a uma situação social semelhante à que se vivia em Portugal no final da primeira metade do século passado. Teremos recuado mais de seis décadas, com níveis dramáticos de empobrecimento e com níveis de desigualdade próprios da barbárie.
Aqueles que têm chamado a atenção para o óbvio — aquilo que aconteceu foi que a dívida aumentou em mais 3 mil milhões de euros, a um juro objectivamente incomportável para a nossa economia — perdem tempo e energia. Nada demove a máquina governamental e jornalística da mentira. É curioso verificar como os sempre fervorosos adeptos da folha de Excel são capazes de, misteriosamente, interromper o fervor da sua crença nos números — que, neste caso, lhes revela não existir sombra de êxito nos resultados alcançados — e avançar para explicações de natureza subjectiva, para interpretações psicológicas e para avaliações discutíveis (enfim, para tudo aquilo que normalmente rejeitam e condenam, por alegada falta de rigor e objectividade), para exaltarem o que não tem exaltação. O que interessa mesmo é preservar a mentira, o que é mesmo imperioso é manter a encenação até 2015.
Este governo e, em particular, Passos Coelho têm um enorme défice no domínio das finanças, mas tem um défice muito maior no domínio da verdade. Na realidade, está quase a fazer três anos que Passos Coelho andou pelo país a mentir aos portugueses como ninguém até hoje foi capaz de lhes mentir — ultrapassou largamente Sócrates, o que não era fácil de conseguir.
Passos Coelho e Paulo Portas corporizam o que de mais descredibilizado existe na política portuguesa: já disseram tudo e o seu contrário, com uma desfaçatez que impressiona. Neste momento, ambos estão apostados em levar até ao fim a sua sobrevivência política mesmo que isso custe a sobrevivência de milhares de portugueses e do país. Por cada «êxito» por eles reclamado, temos mais endividamento ou mais miséria, ou mais desemprego, ou mais redução de vencimentos, ou mais cortes nas pensões e reformas, ou mais precariedade, ou mais espezinhamento de direitos de quem trabalha, ou tudo isto em simultâneo.
Cada «êxito» de Passos Coelho é um passo não de coelho mas de gigante para a ruína final. Se este governo não for derrubado e se chegarmos ao último dia dos seus «êxitos», chegaremos a uma situação social semelhante à que se vivia em Portugal no final da primeira metade do século passado. Teremos recuado mais de seis décadas, com níveis dramáticos de empobrecimento e com níveis de desigualdade próprios da barbárie.