sexta-feira, 23 de maio de 2014

No próximo domingo

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É impressionante o cinismo político daqueles que tendo revelado, no decurso dos últimos cinco anos, nos seus países e na Europa, um enorme desprezo pelas pessoas solicitam agora o seu voto. Na verdade, só um desmedido cinismo pode justificar que os responsáveis pelas políticas de brutal empobrecimento de milhões de europeus se sintam capazes de vir para a rua pedir o apoio daqueles que maltrataram. Acresce que estas políticas são igualmente responsáveis pelo extraordinário fomento do chauvinismo, da xenofobia, do racismo, dos nacionalismos e de todos os movimentos de extrema-direita que pela Europa pululam. Crescem os grupos fascistas e nazis, cresce o número de agressões e insultos de que são alvo milhares de migrantes de diversos países europeus, crescem as tentativas de expulsão dos estrangeiros, cresce a divisão entre países do norte e países do sul da Europa, crescem os sinais de  animosidade entre nações, e os responsáveis por estas bestialidades andam de rua em rua, a pedir votos, sorridentes e alegres, como inimputáveis. A História ainda não os julgou, mas julgará. O retrocesso civilizacional que estamos a viver tem protagonistas, não acontece por geração espontânea. Os chefes de Estado e de governo dos países membros da União Europeia, a Comissão Europeia e, em particular, o seu presidente, a maioria dos eurodeputados, o BCE, os banqueiros europeus, os plutocratas e os governos nacionais servis constituem o núcleo gerador do movimento regressivo em que estamos envolvidos. Não há dúvidas de que a História lhes apontará a mediocridade e a incompetência que os enforma, assim como mostrará os interesses que serviram e de que se serviram, mas a vida é feita no presente, em função das opções e dos actos de agora. E agora é necessário fazer rupturas. Uma das muitas rupturas a fazer é a do rompimento com essa enorme família que alberga a direita, o centro-direita e o centro-esquerda que tem governado os países da Europa e tem governado a União Europeia, e que nos conduziu à gravemente injusta e perigosa situação em que nos encontramos.
Um sinal do início desse inevitável processo de ruptura, deveria ser dado, através do voto, no próximo domingo.