«Para terem uma ideia do dinheiro que anda a jorrar atualmente à volta daquele a que costumávamos chamar mundo em desenvolvimento, eis uma conversa que tive recentemente com Naguib Sawiris, um ultramilionário das telecomunicações egípcio, cujo império se expandiu do país natal até à Itália e ao Canadá. Sawiris, que apoiou os rebeldes na Praça Tahrir, partilhou comigo (e com uma audiência de um jantar no hotel Four Seasons de Toronto) a sua perplexidade perante os modos vorazes dos autocratas: "Nunca na minha vida compreendi por que razão todos estes ditadores, quando roubam, não se limitam a roubar mil milhões e a gastar o resto com o povo."
Para mim, o que foi interessante foi a sua escolha de mil milhões de dólares como a imperiosa quantia própria do roubo. No seu mundo, interroguei-me, mil milhões de dólares seria o tamanho da fortuna a almejar?
"Sim, para cobrir os benefícios adicionais, o avião, o barco, é necessário ter mil milhões, disse-me Sawiris. "Ou seja, para mim é o número mínimo a que desço — se quiser descer."»