NA OBSCURIDADE DAS ENTRANHAS
passai mais docemente
sobre nossos nervos, caminhantes.
não, nós não estamos mortos.
apenas fatigados
por um nevoeiro sujo
de rosto apodrecido e falso
que se estira e faz serpente, polvo, enigmas.
antes o ventre da terra que este ar sem ar.
passai mais docemente
sobre nossos nervos, caminhantes.
estamos no negro de um subsolo calmo.
apagando a febre, recuperando o espírito, cantamos.
escondemo-nos.
escondemos nossa vida longe das sendas do tempo
viandantes, sobre nossos nervos
passai mais docemente.
Khalil Hâwi
(Trad.: Adalberto Alves)