É possível imaginar um país cujo sistema educativo permita que uma mesma disciplina, do mesmo ciclo de estudos, possa ser leccionada com três cargas horárias diferentes?
Perguntando de outro modo: alguém concebe que num mesmo país, com o mesmo governo e com o mesmo ministro da Educação, seja permitido que haja alunos que numa escola frequentem uma disciplina com uma carga horária de 135 minutos semanais e que, na escola ao lado, a mesma disciplina, do mesmo ciclo de estudos, seja leccionada com uma carga horária de 150 minutos, e que, numa terceira escola, uns metros mais à frente, a carga horária da mesma disciplina seja de 180 minutos?
É possível pensar que esses alunos e os professores desses alunos, com três cargas horárias diferentes, possam estar sujeitos ao mesmo programa, isto é, aos mesmos conteúdos e aos mesmos objectivos curriculares?
Alguém consegue supor que esta situação possa ocorrer no mesmo país, com o mesmo governo e com um mesmo ministro da Educação? E alguém admitirá que esses alunos possam ser sujeitos ao mesmo exame nacional?
Havendo, entre estes alunos, diferenças de tempo de aulas que podem ir até 4 aulas mensais que uns têm a menos do que outros — o que significa ter menos 32 aulas num ano lectivo e menos 64 em dois anos lectivos — é plausível serem submetidos ao mesmo exame?
Uma situação como a acima descrita é concebível?
Não, não é concebível.
Mas essa situação, apesar de não ser concebível, existe?
Sim, existe. Essa situação existe.
É num país africano?
Não, não é num país africano. É num país europeu.
Da Europa de Leste?
Não, não é num país da Europa de Leste.
É de um país da União Europeia?
É.
Que país é?
É aquele país que tem um governo com um primeiro-ministro e um ministro da Educação que a todo o momento falam de rigor e de competência.
Portugal?
Sim.
E qual é a disciplina em que isso acontece?
É na disciplina de Filosofia, do 10.º e 11.º anos.
Mas é uma situação recente?
Não, não é uma situação recente. Desde 2012 que isto acontece.
E o ministro não fez nada?
Fez, foi ele que criou esta situação e há três anos que a mantém. Ele próprio, Nuno Crato, o ministro do rigor e da competência.
Nota: Os alunos de Filosofia, do 10.º e 11.º anos do Ensino Recorrente, têm uma carga horária de 135 minutos semanais. Os alunos de Filosofia, do 10.º e 11.º anos do ensino Regular, têm uma carga horária de 150 ou de 180 minutos semanais, dependendo da escola em que estão matriculados... No final do 11.º ano, todos estes alunos podem ter exame nacional de Filosofia e o conteúdo do exame é o mesmo.
Perguntando de outro modo: alguém concebe que num mesmo país, com o mesmo governo e com o mesmo ministro da Educação, seja permitido que haja alunos que numa escola frequentem uma disciplina com uma carga horária de 135 minutos semanais e que, na escola ao lado, a mesma disciplina, do mesmo ciclo de estudos, seja leccionada com uma carga horária de 150 minutos, e que, numa terceira escola, uns metros mais à frente, a carga horária da mesma disciplina seja de 180 minutos?
É possível pensar que esses alunos e os professores desses alunos, com três cargas horárias diferentes, possam estar sujeitos ao mesmo programa, isto é, aos mesmos conteúdos e aos mesmos objectivos curriculares?
Alguém consegue supor que esta situação possa ocorrer no mesmo país, com o mesmo governo e com um mesmo ministro da Educação? E alguém admitirá que esses alunos possam ser sujeitos ao mesmo exame nacional?
Havendo, entre estes alunos, diferenças de tempo de aulas que podem ir até 4 aulas mensais que uns têm a menos do que outros — o que significa ter menos 32 aulas num ano lectivo e menos 64 em dois anos lectivos — é plausível serem submetidos ao mesmo exame?
Uma situação como a acima descrita é concebível?
Não, não é concebível.
Mas essa situação, apesar de não ser concebível, existe?
Sim, existe. Essa situação existe.
É num país africano?
Não, não é num país africano. É num país europeu.
Da Europa de Leste?
Não, não é num país da Europa de Leste.
É de um país da União Europeia?
É.
Que país é?
É aquele país que tem um governo com um primeiro-ministro e um ministro da Educação que a todo o momento falam de rigor e de competência.
Portugal?
Sim.
E qual é a disciplina em que isso acontece?
É na disciplina de Filosofia, do 10.º e 11.º anos.
Mas é uma situação recente?
Não, não é uma situação recente. Desde 2012 que isto acontece.
E o ministro não fez nada?
Fez, foi ele que criou esta situação e há três anos que a mantém. Ele próprio, Nuno Crato, o ministro do rigor e da competência.
Nota: Os alunos de Filosofia, do 10.º e 11.º anos do Ensino Recorrente, têm uma carga horária de 135 minutos semanais. Os alunos de Filosofia, do 10.º e 11.º anos do ensino Regular, têm uma carga horária de 150 ou de 180 minutos semanais, dependendo da escola em que estão matriculados... No final do 11.º ano, todos estes alunos podem ter exame nacional de Filosofia e o conteúdo do exame é o mesmo.