«A Segunda Guerra Mundial conta-se entre os conflitos mais devastadores da história da humanidade: mais de quarenta e seis milhões de militares e civis pereceram, muitos eles em circunstâncias de uma crueldade prolongada e terrível. [...] Não foram apenas quarenta e seis milhões de vidas que foram aniquiladas, mas a vida e a vitalidade vibrantes que elas tinham recebido como herança e poderiam ter legado aos seus descendentes: uma herança de trabalho e alegria, de luta e criatividade, de saber, esperanças e felicidade, que ninguém viria a receber ou a transmitir. [...]
O objectivo de Hitler ao invadir a Polónia não era apenas recuperar os territórios perdidos em 1918. Era também seu intento sujeitar a Polónia ao jugo alemão. [...]
Aldeias inteiras foram incendiadas e destruídas até aos alicerces. Em Truskolasy, a 3 de Setembro [de 1939, terceiro dia da invasão da Polónia pela Alemanha], cinquenta e cinco camponeses polacos foram cercados e abatidos a tiro, incluindo uma criança de dois anos. Em Wieruszow, vinte judeus foram reunidos na praça do mercado, entre os quais Israel Lewi, um homem de sessenta e quatro anos. Quando a sua filha, Liebe Lewi, correu para junto do pai, um alemão mandou-a abrir a boca por ter dado mostras de "falta de respeito". Depois disparou-lhe uma bala para dentro da boca. Liebe Lewi caiu morta no chão. Os vinte judeus foram em seguida executados.
Nas semanas que se seguiram, semelhantes atrocidades eram vulgares, frequentes, praticadas numa escala sem precedentes.»
Martin Gilbert, A Segunda Guerra Mundial, D. Quixote e Expresso.