quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Investigação sobre assédio moral em professores portugueses

Por solicitação do doutorando António Portelada, da Universidade de Évora, divulga-se a investigação abaixo descrita e o pedido de colaboração na mesma.

Caro(a) Colega 
O projeto “lMPORTUNUS: estudos de caracterização do assédio moral em professores Portugueses” apoiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) é realizado por António Portelada, aluno do 2º ano do Curso de Doutoramento em Ciências da Educação na Universidade de Évora, orientado pelo Professor Doutor António Neto e pela Professora Doutora Adelinda Candeias.
 O projeto destina-se a caracterizar e compreender, em que medida, o assédio moral ou mobbing está presente e como se manifesta, assim como, descobrir em que grau ele afeta o bem-estar, equilíbrio psicológico e integridade dos professores a nível nacional. Com um melhor conhecimento da temática em questão, poder-se-á obter uma melhor compreensão do fenómeno, bem como atuar na sua prevenção. Para que tal seja possível, pretendemos aplicar o Questionário “lMPORTUNUS: estudos de caracterização do assédio moral em professores Portugueses” pelo que gostaríamos de contar com a sua colaboração na resposta ao questionário que foi já previamente submetido à apreciação da Direção Geral da Educação, Sistema de Monitorização de Inquéritos em Meio Escolar, e devidamente aprovado com o n.º de registo 0512600001.

As suas respostas são CONFIDENCIAIS e ANÓNIMAS, não tendo este questionário outra intenção além da que foi acima descrita. A sua participação, com a resposta sincera às questões propostas, é imprescindível para o sucesso deste projeto.
Estimamos que a resposta ao questionário não demore mais de 20 minutos.
Para preencher o questionário clique aqui ou, em alternativa, aceda pelo link: https://docs.google.com/forms/d/1l7gL20ICNiD5vRGS9XODjJuYXU15wUjKRfySLwU4j3s/viewform?usp=send_form. 
Alguma dúvida ou esclarecimento adicional, por favor contacte-nos para o seguinte endereço de correio eletrónico: mobbingprof@gmail.com  
Os nossos sinceros agradecimentos e os melhores cumprimentos, 
António Portelada

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Crato e Rodrigues - a condecoração que os uniu...

 Na semana passada, o (ainda) Presidente da República, condecorou 8 ex-ministros. Entre eles, estavam Lurdes Rodrigues e Nuno Crato, ex-ministros da Educação.
O acto de condecorar, independentemente do condecorador e dos condecorados, é, em si mesmo, discutível, mas, neste caso concreto, quando olhamos com atenção para quem condecora e para quem é condecorado o discutível torna-se incompreensível. Incompreensível em pelo menos dois sentidos.
Primeiro: é difícil compreender que alguém, mesmo aqueles que concordam com o exercício de condecorar, considere honroso ser condecorado por Cavaco Silva. Na verdade, Cavaco Silva foi dos políticos que mais negativamente marcou a história recente do nosso país — quer pelas muito evidentes limitações a nível da formação cultural (que fez dele um representante exótico do nosso país), quer pela muito evidente ausência de honestidade política e evidente presença de mesquinhez política, quer pelas evidentes opções desastrosas que tomou, enquanto governante (como ministro das Finanças e como primeiro-ministro) e enquanto Presidente. Considerar significativo e até honroso receber uma condecoração resultante de uma avaliação feita por Cavaco Silva é, pois, de difícil compreensão.
Segundo: é igualmente incompreensível que Rodrigues e Crato possam receber uma condecoração pela mesma razão, ou seja, pelo desempenho que tiveram como ministros da Educação. 
Crato, antes de ser ministro, criticou assídua e veementemente a política educativa de Rodrigues. Considerou-a um desastre. Quando ministro, afirmou múltiplas vezes que estava a realizar alterações profundas em todo o sistema (avaliação do desempenho dos docentes, alteração da estrutura curricular do ensino básico e secundário, alteração de programas, substituição de metas por objectivos, abandono dos cursos de educação e formação, introdução de cursos vocacionais, proliferação de provas de exame, etc.). Por sua vez, Rodrigues não se cansou de acusar Crato do mal que este estava a fazer aos alunos, à educação e ao futuro do país. Acusou-o de levar à prática orientações que desvalorizavam o ensino público, que contrariavam o objectivo de criação de uma escola inclusiva, que tomava decisões fundadas apenas em crenças ideológicas, etc. Classificou a sua política de desastre.
Daqui retira-se que Crato desfez o que Rodrigues fez e que Rodrigues nunca faria o que Crato fez.
Isto tem uma consequência: se se considerar que, em matéria educativa, Rodrigues prestou um bom serviço ao país, não se pode, ao mesmo tempo, considerar que Crato o tenha feito também. Se se considerar que, em matéria educativa, Crato prestou um bom serviço ao país, não se pode, ao mesmo tempo, considerar que Rodrigues o tenha feito também. Condecorar os dois é, pois, um acto contraditório. Um acto que se anula a si mesmo, porque uma condecoração anula a outra. 
Ou, então, na verdade, as condecorações nada significam, porque quem as dá não tem credibilidade nem critérios para o fazer e/ou porque quem as recebe não as merece receber e/ou porque, afinal, a condecoração é apenas um ritual de comprazimento, em que membros de um mesmo círculo se condecoram uns aos outros.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O PS está a tomar opções políticas que, por si só, jamais tomaria?

Fotografia de José Almeida
1. Li, algures, que o PS estava a tomar opções políticas que, por si só, jamais tomaria. Quem fazia esta observação aludia a opções concretizadas a nível do Orçamento de Estado e a algumas decisões tomadas a nível do governo e do parlamento. O comentário em questão referia-se, como é evidente, aos condicionamentos a que o PS está sujeito, decorrentes dos acordos que celebrou com o BE, o PCP e o PEV. Isto era dito com um sentido claramente pejorativo. Mas podia ter sido dito com um sentido oposto. Estamos, aliás, perante uma ocorrência comum: um mesmo facto ter interpretações diferentes ou mesmo opostas. 
Na verdade, é um facto que o PS está a tomar opções políticas que, por si só, jamais tomaria, e que isso acontece porque está condicionado pelos acordos que celebrou com o BE, o PCP e o PEV. Esta realidade, que é verificada por todos, é tida pelo autor daquela observação como uma situação negativa, perigosa, insustentável. Curiosamente, faço parte do grupo daqueles que vêem esta realidade como positiva, virtuosa e sustentável. 
É inteiramente verdade que, se o PS não tivesse celebrado os acordos com os partidos da esquerda parlamentar e deles não estivesse dependente, não estaria a fazer a política que está a fazer. Estaria a fazer, como quase sempre fez, uma política idêntica ou ligeiramente diferente das políticas do PSD e CDS, isto é, uma política idêntica às políticas que o tradicional arco da governação praticou durante as últimas décadas e que conduziu o país a escandalosos níveis de desigualdade e de injustiça social.
É precisamente a circunstância da sobrevivência do governo do PS depender do apoio do BE, do PCP e do PEV que o obriga à tomada de medidas que farão reverter totalmente, em 2016, algumas das situações mais injustas que PSD e CDS geraram, quando governaram coligados (algumas delas — cortes nas pensões e nos salários — iniciadas, como se sabe, por um governo do PS, o de Sócrates). É precisamente a circunstância da sobrevivência do governo do PS depender do apoio do BE, do PCP e do PEV que originou um orçamento de Estado muito diferente daquele que decorreria se dependesse apenas do programa eleitoral do Partido Socialista. É justamente a circunstância da sobrevivência do governo do PS depender do apoio do BE, do PCP e do PEV que fez com que a banca e as grandes empresas tenham, em 2016, um aumento de impostos.
É, portanto, inteiramente verdade que o governo do PS está a tomar opções políticas que, por si só, jamais tomaria. Uma «pequena» diferença que pode fazer alguma diferença...

2. Uma das prioridades do novo presidente eleito, Rebelo de Sousa, vai ser a de criar condições para que esta situação termine o mais rapidamente possível, e que PS e PSD deixem de ser irmãos desavindos. Rebelo de Sousa irá empenhar-se activamente (ainda que também discretamente) para que se regresse ao pântano político do bloco central. Se o novo presidente conseguir realizar este objectivo, muitos dos que votaram em Rebelo de Sousa vão arrepender-se de o terem feito. Mas, como é hábito entre nós, nessa altura, já será tarde.