segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Pausa



Por razões de natureza profissional, este blogue fará uma pausa
até ao início do próximo mês de Novembro.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Passos, Crato e Bava: diferentes faces da mesma realidade

1. Passos Coelho não demite Nuno Crato, nem este se demite.
O primeiro-ministro não demite o ministro da Educação, porque, antes do interesse do país, tem sempre em melhor conta o interesse do governo que chefia. Caso contrário, neste três anos e meio de governação já teria demitido a quase totalidade da sua equipa e ele próprio já não exerceria funções.
Existem dois princípios sem os quais o exercício da política se torna obsceno. Um desses princípios diz que o fundamento do exercício de uma função política é exclusivamente a defesa do bem público; e o outro diz que a acção política tem de estar sempre vinculada a valores e regras éticas. Ambos os princípios têm estado sistematicamente ausentes na acção política de Passos Coelho: o bem público nunca tinha sido tão desprezado e destruído como o foi (e continua a ser) desde que tomou posse como chefe do actual governo; e a violação das regras éticas começou com as promessas, que se revelaram escandalosas mentiras (e com base nas quais venceu as eleições), e tem prosseguido com uma desgraçada regularidade ao longo do seu mandato.
Deste primeiro-ministro nada há a esperar de benéfico para o país, nem das suas decisões políticas nem dos seus comportamentos. Por exemplo, a sua inaceitável recusa em esclarecer os montantes dos reembolsos que diz ter recebido da ONG a que presidiu, enquanto era deputado em regime de exclusividade, legitima a pergunta: que esconde Passos Coelho?
Devendo ser o primeiro-ministro a referência política e comportamental de um governo, não admira que o seu ministro da Educação lhe siga o exemplo. Na verdade, só a mesma ausência de princípios no exercício de um cargo público é que explica o facto de Nuno Crato ainda não ter apresentado a demissão. Todavia, o enorme lamaçal dentro do qual esbraceja deveria ser mais do que suficiente para o levar a perceber que o interesse público e os valores éticos lhe apontam um único caminho: o da porta de saída.

2. Depois do interminável rol de crimes de diversa natureza, de incompetências, de desonestidades e de irresponsabilidades, que quase todos os membros da suposta elite financeira portuguesa têm protagonizado, surge um outro rol mas agora relativo à gestão das grandes empresas portuguesas. Depois do cenário apocalíptico que vai sendo revelado acerca do grupo das empresas Espírito Santo, estamos a ser confrontados com a situação da Portugal Telecom. Vemos que uma suposta elite de excelência dos gestores portugueses está a ser colocada na rua por objectiva incompetência e por manifesta falta de zelo e de respeito pelos accionistas. Henrique Granadeiro e Zeinal Bava são os dois mais recentes exemplos da mediocridade das nossas elites. Ambos são responsáveis pela enorme destruição de valor daquela que já foi a maior empresa portuguesa. Ambos foram obrigados a demitirem-se.

3. As nossas supostas elites política, financeira e de gestão revelam uma mediocridade confrangedora. Quanto tempo mais vamos permitir que elas prossigam a destruição do país?

sábado, 4 de outubro de 2014

Nuno Crato: da incompetência à indecência

Imagem de Vítor Nunes
Nuno Crato tinha, ainda que um pouco inexplicavelmente, uma imagem pública de competência, na altura em que era apenas uma possibilidade para futuro ministro da Educação de um governo de direita. Quando a possibilidade se transformou em realidade e Nuno Crato assumiu as funções de governante, em muito pouco tempo se verificou o quão essa imagem era falsa. O ministro e a sua equipa rapidamente mostraram uma incompetência e uma ignorância inimagináveis. Os dislates surgiam a um ritmo impressionante, quer do ponto de vista conceptual quer administrativo. 
Crato juntou-se, assim, a Rodrigues e a Alçada, e os três fizeram desta última década não só um período perdido como um período ruinador para a educação. E também como Rodrigues, Crato juntou agora à incompetência a indecência, no modo como se comporta com os professores. Rodrigues teve persistentemente comportamentos indecentes para com os docentes, e Crato, mais uma vez, segue-lhe o exemplo. O respeito por quem tem a função de educar as gerações que chegam às escolas devia ser um dos primeiros deveres a que qualquer ministro da pasta deveria sentir-se obrigado. Contudo, a realidade mostra precisamente o oposto. Neste momento, após semanas de escandalosa incompetência na organização do concurso de professores contratados, assiste-se a uma situação que repugna, seja qual for a perspectiva pela qual possa ser vista:
— a incompetência gerou uma errada graduação dos professores que se submeteram a concurso;
— a incompetência não reconheceu de imediato esse erro colossal. Permitiu que ele se mantivesse e se consolidasse;
— a incompetência demorou semanas a corrigir a graduação.
A esta série de incompetências segue-se a indecência:
— os professores que, fruto do erro colossal, foram incorrectamente colocados, e que, por ordem do Ministério da Educação (ME), já leccionavam há semanas nessas escolas, foram agora informados de que tinham de abandonar as suas escolas e rumar para outras escolas ou para o desemprego;
— os alunos vêem partir os professores com quem já estavam a trabalhar e vêem chegar professores que desconhecem;
— os docentes que deslocaram família e bens para as localidades onde tinham sido colocados, vêem-se obrigados a tudo desfazer e, no caso de nova colocação, retomarem nova deslocação, ou, no caso de não terem sido colocados, regressarem a casa e rumarem aos centros de emprego;
— os directores das escolas recebem do ME a indicação de que devem proceder à rescisão dos contratos anteriormente assinados. Fazem-se e desfazem-se contratos como numa república de bananas.
Na verdade, só uma enorme falta de decência por parte do responsável político, Nuno Crato, explica este mísero cenário. Em relação aos alunos, trata-se duma indecente falta de respeito pedagógico por quem aprende; em relação aos professores, trata-se  duma indecente falta de respeito pela sua dignidade enquanto profissionais e pela sua dignidade enquanto pessoas.
E, perante isto, Nuno Crato não tem a decência de se demitir.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Manifestação no dia 5 de Outubro


Recebido por e-mail, do Movimento Boicote & Cerco:











«Se a Escola Pública está a ser atacada a um ritmo sem precedentes (o que compromete cada vez o desenvolvimento e os sonhos das nossas crianças e jovens) não podemos continuar com as tradicionais formas de luta das últimas décadas. Por isso no dia Mundial do Professor a 5 de Outubro, o Movimento Nacional de Professores Boicote&Cerco apela a que se juntem TODOS em defesa de uma Escola Pública de qualidade. Professores, funcionários escolares, psicólogos, encarregados de educação e alunos devem seguir o exemplo de união demonstrado entre alunos e professores no dia 25 Setembro em Lisboa à frente do MEC e de dia 26 Setembro em Sta Maria da Feira na Escola Fernando Pessoa protestando contra o Ministro Nuno Crato. 
SE O CRATO NÃO NOS DEIXA SONHAR, NÃO O DEIXAREMOS DORMIR! Dia 5 de Outubro junta-te à coluna do Boicote&Cerco e façamos história com uma grande manifestação de TODA a sociedade em defesa da Escola Pública! CONVIDEM TODAS AS PESSOAS! Mais informações em: https://www.facebook.com/groups/boicote.cerco/»