sábado, 14 de junho de 2014

Trechos — Joseph Stiglitz (13)

«A ironia é que durante as crises financeiras quem suporta os custos são os trabalhadores e as pequenas empresas. As crises vêm acompanhadas por altas taxas de desemprego que fazem baixar os salários, pelo que os trabalhadores sofrem a dobrar. Em crises anteriores, o FMI (como é habitual, com o apoio do Tesouro dos EUA) não só insistiu em levar a cabo enormes cortes orçamentais nos países com problemas, convertendo crises em recessões e depressões, como também exigiu liquidação de ativos, altura em que os agentes financeiros atacaram para a matança. No meu livro anterior, Globalization and Its Discontents, descrevi como a Golden Sachs foi uma das vencedoras da crise financeira asiática de 1997, assim como da crise de 2008. Quando nos interrogamos como é possível que as agências financeiras enriqueçam tanto, parte da resposta é simples: ajudaram a redigir uma série de regras que as beneficiam, mesmo nas crises que ajudam a criar.»
Joseph E. Stiglitz, O Preço da Desigualdade, Bertrand Editora