quarta-feira, 2 de abril de 2014

Trechos - Chrystia Freeland (1)

«Holly é elegante, com aspecto mediterrânico que herdou dos avós gregos — feições marcadas, olhos e sobrancelhas escuros, abundante cabelo castanho. Durante uma série de conversas que Holly Peterson e eu tivemos [...] ela explicou-me como o excesso de abundância dos anos recentes mudou o significado de riqueza.
"Neste momento, há imenso dinheiro no Upper East Side!", disse ela. "Muitas pessoas com menos de quarenta anos estão a fazer tipo 20 ou 30 milhões de dólares por ano neste fundos de cobertura, e não sabem o que fazer ao dinheiro". [...] Uma das suas amigas [disse-lhe num] jantar: "Sabes, o problema dos vinte", e ao dizer vinte quer dizer vinte milhões, "é que os vinte são só dez [depois dos impostos]. "E toda a gente na mesa estava a concordar, fazendo que sim com a cabeça."
[...] Mesmo do seu poleiro dourado [Holly vê] que alguma coisa espantosa está a acontecer no cimo da pirâmide económica.
"Se reparar, no filme Wall Street era um fenómeno haver homens com trinta ou quarenta anos a ganhar dois e três milhões por ano e era uma coisa repulsiva. Mas depois veio a era da internete, e depois a globalização, e o dinheiro ficou verdadeiramente uma loucura", contou-me ela.
"Havia pessoas nos trinta e tal anos que, com os fundos de cobertura, e em lugares de topo da Goldman Sachs, estavam a ganhar vinte, trinta, quarenta milhões de dólares por ano. E havia muitos a fazer isto. Começaram a conviver juntos pelo globo como grandes apostadores e as diferenças entre eles e o resto do mundo tornaram-se exponenciais.»
Chrystia Freeland, Plutocratas, Temas e Debates — Círculo de Leitores.