segunda-feira, 19 de março de 2012

Comentário de segunda - As elites que temos...

Pessoalmente nada tenho a favor ou contra Pedro Santana Lopes, por uma razão: não o conheço. Só o conheço enquanto actor político, e é nessa qualidade que tenho o direito e o dever de o avaliar. É pois este o contexto em que se insere o que a seguir digo.
Santana Lopes anunciou na última edição do Expresso que não afastava a hipótese de ser candidato a Presidente da República. O que significa dizer que Santana Lopes deseja, de facto, ser candidato e, consequentemente, deseja, de facto, ser Presidente. O problema está precisamente aqui. Vou tentar explicar.
Sou de opinião, tenho-o dito neste blogue algumas vezes, que uma das principais causas das graves crises por que Portugal tem passado, e em particular a actual por que está a passar, reside na mediocridade das nossas elites — refiro-me nomeadamente às nossas elites políticas, financeiras e empresariais. São estas elites as primeiras responsáveis pelo que o país tem sofrido e está a sofrer. Pelo menos, nestes três domínios, quem dirige o país está, em regra, mal preparado, do ponto de vista técnico, e mal ancorado, do ponto de vista cultural e ético. A esta má preparação geral, junta-se, em muitos casos, um egocentrismo doentio que os torna incapazes de se focalizarem nos problemas do país ou das empresas, em detrimento   dos seus interesses pessoais. É assim na política, é assim no sector empresarial.
Santana Lopes é um bom exemplo para ilustrar esta realidade. Para além das suas deambulações pelo mundo frívolo e idiota do designado jet set, que de verdadeiramente significativo fez ele para ter ascendido a líder do PSD e a primeiro-ministro? E quando exerceu as funções de chefe de governo, como as exerceu? E como saiu delas? Nenhuma das respostas a esta perguntas é minimamente lisonjeira para Santana Lopes. E quando o vemos, na televisão, a comentar a política, que diz ele que se distinga do nível mais elementar do senso comum? A resposta continua a ser negativa. Apesar de tudo isto, apesar de todas as trapalhadas em que política e institucionalmente andou envolvido, apesar da sua imensa falta de preparação, que conduziu à sua efémera passagem pelo governo, Santana Lopes mantém a irresponsabilidade de persistir em querer protagonizar altos cargos e funções de Estado. Sócrates padece do mesmo mal, Passos Coelho também, Cavaco Silva idem aspas. Se passarmos para o mundo financeiro ou para o mundo empresarial, o panorama não muda.
Santana Lopes é apenas um exemplo da mediocridade e da irresponsabilidade das elites que temos.