quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Às quartas


Dispo-te lentamente, beijo a beijo.
Este botão, esse colchete, aquela fita,
uma pequena fivela, uma ilhó diminuta,
a suavíssima seda que resvala, as rendas
em cuja nuvem crespa até dormito
moroso, prolongado o termo
do beijo, buscando as mais suaves
regiões, as profundas fontes. E de súbito
detenho-me,
e olho-te nua, plena, bela, minha,
forma total que o amor criou no sonho,
estátua levantada por minhas mãos, meus beijos.

Isaac Felipe Azofeija
(Trad.: José Bento)