quarta-feira, 2 de março de 2011

Às quartas

ESTAÇÃO

Ferrugem é amadurecimento, ferrugem
E a murcha barba de milho;
O pólen é tempo de acasalamento quando andorinhas
Tecem uma dança
De setas emplumadas,

Fiam pés de milho em manchas
Aladas de luz. E gostámos de ouvir
A teia de frases do vento, de ouvir
Rangidos nos campos, onde folhas de milho
Cortam como lascas de bambu.

Agora enchemos o celeiro,
Esperando ferrugem nos pendões, traçamos
Longas sombras desde o crepúsculo, entregamos
Colmo seco em fumo de lenha — esperamos
A promessa da ferrugem.

Wole Soyinka
(Trad.: José Alberto Oliveira)