quarta-feira, 5 de maio de 2010

Às quartas

Veneza

Na ponte eu estava
Ao moreno anoitecer.
Distante veio um canto:
Douradas gotas corriam
Pela tremente planura.
Gôndolas, luzes, música —
Ébrias vogavam para o crepúsculo...

A minh'alma, uma lira,
Cantava-se, invisivelmente vibrada,
Oculta canção de gondoleiro,
Tremente de irisada beatitude —
Mas alguém ouvia?

Friedrich Nietzsche
(Trad.: Jorge de Sena)