sábado, 8 de maio de 2010

Ao sábado: momento quase filosófico


A propósito de Rousseau

«Rousseau imaginou o homem natural com os traços do bom selvagem, do homem primitivo que havia já sido idealizado por alguns viajantes e ensaístas a partir do século XVI. Baseando-se nesse modelo, o homem natural que Rousseau imagina é um ser livre e sem o desejo de prejudicar o seu próximo; um ser que procura satisfazer as suas necessidades naturais, mas não essas falsas necessidades criadas pela sociedade; um ser sem qualquer egoísmo ou obsessão pelo lucro. Além disso, nesse estado natural não teria existido propriedade privada e, por isso, não haveria nem ricos nem pobres.
Rousseau pensava que a história humana não é um processo progressivo, mas degenerativo ("Tudo sai bem das mãos do criador, tudo degenera nas dos homens", escreveu no seu livro Emílio). Esta era uma das muitas coisas que separavam Rousseau dos outros filósofos do Iluminismo (que assumiam uma visão progressista da história) e que provocou as piadas de Voltaire quando, depois de ler um livro de Rousseau, escreveu: "Até nos dá vontade de andar a quatro patas."»
Pedro González Calero, A Filosofia com Humor.