terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Primeiro-ministro até quando?

Sócrates é um político perigoso, não só porque é um mau governante, mas também porque não tem nenhum rebuço em arrastar o país para o pântano da degradação política e económica, que ele próprio criou.
Sócrates não é um estadista. Nunca o foi. Ao longo de cinco anos de governo, Sócrates colocou sempre os seus interesses pessoais à frente dos interesses do país. Ao longo destes longos e penosos cinco anos de governo, Sócrates viveu obcecado pela a sua imagem e a imagem do seu governo, e obcecado pelo exercício arrogante e prepotente do poder.
Sócrates não tem substância política, não tem substância filosófica, não tem substância cultural. Sócrates é o exemplo daquilo a que talvez se possa chamar um neoyuppismo, que ultimamente tem medrado no domínio da política, e não só.
Do mesmo modo que os yuppies, dos anos 80, tinham formação universitária q.b. e, em regra, tinham sido apenas medianos ou mesmo medíocres alunos, e apresentavam-se como o símbolo dos profissionais pragmáticos, destituídos de quaisquer «excrescências» ideológicas, filosóficas ou de qualquer «tique» reflexivo; os neoyuppies da política actual também têm uma formação universitária de mais que duvidosa qualidade e também se apresentam como excelsos pragmáticos, limpos de quaisquer arqueológicos conceitos de natureza ideológica ou filosófica. O basismo das suas convicções reduz-se à crença nos poderes milagrosos da tecnologia e da meritocracia. Acreditam que atirando tecnologia para cima dos problemas eles se resolvem e acreditam que enchendo os discursos do vocábulo «mérito», e seus derivados, obtêm a receita do desenvolvimento. Os gadgets informáticos, para uma solução rápida, eficaz e modernaça das dificuldades, e a folha de excel, para a almejada avaliação do mérito, constituem o fascinante e circunscrito mundo dos neoyuppies da política.

Sócrates é isto. Mas Sócrates é mais. Sócrates junta à sua falta de formação e à sua falta de cultura democrática uma perigosa inconsciência política. Do seu ponto de vista, os fins pessoais justificam qualquer meio, deste modo, tudo aquilo que se opuser à consecução desses fins pode e deve ser destruído. E, para isso, socorre-se de tudo o que estiver à mão: desde a manipulação de pessoas e empresas até à tentativa de cerceamento da liberdade de expressão.
Sócrates acha-se no direito, desde que seja em conversa privada, de montar esquemas de assalto ao controlo de órgãos da comunicação social. Sócrates acha-se no direito de apelidar, como fez hoje, de «acto criminoso» a notícia jornalística do seu plano de ataque à liberdade.
Sócrates enquanto simples cidadão pode querer comprar qualquer órgão da comunicação social, e nomear os seus administradores e directores, ainda que por lei esteja impedido de interferir na linha editorial, mas enquanto cidadão que exerce funções de Estado, neste caso de primeiro-ministro, não pode sequer pensar, e muito menos arquitectar, interferir administrativamente em televisões, rádios ou jornais. Sócrates sabe tudo isto, mas fá-lo.
Se a notícia jornalística foi um «acto criminoso», que classificativo deve ser utilizado para o acto arquitectado por Sócrates primeiro-ministro?
Neste momento, Sócrates é um político desorientado, que há muito perdeu o Norte, que há muito deveria ter abandonado as funções de chefe de Governo.
Neste momento, Sócrates é a versão europeia dos Hugo Chavez, dos Fidel de Castro, dos Kadafi deste mundo.
Até quando?