sábado, 27 de fevereiro de 2010

Ao sábado: momento quase filosófico


Acerca da Relatividade


Relatividade de Valores


«Nos nossos dias, Michel Foucault concentrou-se [...] na relatividade de valores culturais para o poder social. Os nossos valores culturais, particularmente o que contamos como normal, determinam e são determinados pela forma como a sociedade exerce o controlo. Quem conta como mentalmente doente? Quem determina isso? Que significa ser designado mentalmente doente para aqueles que assim são classificados? Que significa para os que os controlam? E quem são os que os controlam? As respostas a estas perguntas mudam ao longo do tempo, à medida que as estruturas de poder na sociedade mudam. Numa época, os padres são o grupo que controla; noutra, o poder está nas mãos dos médicos. Esta alternância tem implicações na forma como os pseudodoentes mentais são tratados. A conclusão a retirar é que os valores que pensamos que são eternos e absolutos estão, na realidade, num fluxo histórico constante relativamente a quem detém poder e como esse poder é usado.
Pat: Mike, estou a telefonar-te da auto-estrada no meu telemóvel.
Mike: Tem cuidado, Pat. Acabaram de anunciar na rádio que há um doido a conduzir em contramão na auto-estrada.
Pat: Um louco? Só podes estar a brincar, há centenas deles!
Do ponto de vista da razão pura, Pat tem tanta razão como o locutor da rádio. Relativamente a ele, todas as outras pessoas vão no sentido errado. Assim, porque é que a piada é uma piada e não um choque entre dois pontos de vista? Por causa da opinião de Foucault, que é a de que, em última análise, é o Estado que decide a coisa certa a fazer.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...