sábado, 21 de novembro de 2009

Ao sábado: momento quase filosófico

Acerca da Filosofia da Linguagem

«Em meados do século XX, Ludwing Wittgenstein e os seus seguidores na Universidade de Oxford afirmaram que as questões clássicas da filosofia — o livre-arbítrio, a existência de Deus, etc. — só eram intrigantes por serem formuladas numa linguagem confusa e desconcertante. A sua missão enquanto filósofos era desatar os nós linguísticos, retocar as questões e fazer a segunda coisa melhor para resolver os quebra-cabeças: fazê-los desaparecer.
Por exemplo, no século XVII, Descartes tinha declarado que as pessoas são compostas por uma mente e um corpo — sendo a mente como um fantasma numa máquina. Os filósofos interrogaram-se, então, durante séculos sobre que tipo de coisa é um fantasma. Gilbert Ryle, o discípulo de Oxford de Wittgenstein, disse em relação a isso: "Pergunta errada! Não é qualquer tipo de coisa, porque não é coisa nenhuma. Se olharmos para a forma como falamos sobre os pseudo-episódios mentais, veremos que as nossas palavras são apenas uma definição para descrever o comportamento. Não se perde nada se deitarmos fora a palavra e a substituirmos pelo 'lugar' de onde supostamente vem o comportamento." Considera-a deitada fora, Gilly.
O jovem casal da história seguinte necessita, claramente, de reformular a sua pergunta:
Um jovem casal muda-se para um apartamento novo e decide forrar as paredes da sala de jantar com papel. Vão a casa de um vizinho que tem uma divisão do mesmo tamanho e perguntam:
— Quantos rolos de papel de parede comprou quando forrou a sua sala de jantar?
— Sete — responde o vizinho.
O casal compra os sete rolos de um papel de parede caríssimo e começam a forrar as paredes da sala de jantar. Quando chegam ao fim do quarto rolo, a divisão está pronta. Aborrecidos, voltam a casa do vizinho e dizem-lhe:
— Seguimos o seu conselho, mas sobraram três rolos!
— Então — diz ele — também vos aconteceu.»
Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco Entram num Bar...