domingo, 13 de setembro de 2009

Sem pudor, Sócrates dá o dito por não dito

O pudor não é uma qualidade que Sócrates possua. Já o sabíamos, hoje, reconfirmámo-lo pela enésima vez. Para além de desprovido de qualquer réstia de vergonha, Sócrates tem outra característica que, adicionada à primeira, dá uma mescla que provoca repugnância: Sócrates não se inibe de querer fazer dos portugueses um povo intelectualmente incapacitado.
Ontem, no debate com Manuela Ferreira Leite, perante a insistência da pergunta de Clara de Sousa, que pretendia saber se Lurdes Rodrigues seria novamente ministra da Educação, caso o PS vencesse as eleições, Sócrates respondeu, de modo enfático: «Novo Governo, novos ministros!».
Esta resposta não tem quatro, nem três, nem duas interpretações, esta resposta só tem um significado: Lurdes Rodrigues não será ministra da Educação, porque como o Governo será novo os ministros também serão novos, isto é, serão outros, não serão os mesmos. Esta foi a resposta de Sócrates à pergunta de Clara de Sousa.
Hoje, Sócrates, sem pudor, e querendo fazer dos portugueses indivíduos néscios, veio dizer que a afirmação «Novo Governo, novos ministros» quer apenas dizer que um novo Governo é, por definição, sempre constituído por um novo primeiro-ministro (mesmo que seja o mesmo do anterior Governo) e, por consequência, por novos ministros (mesmo que sejam os mesmos do anterior Governo).
Se aquela afirmação tem este significado, então, Sócrates, dolosamente, enganou a jornalista e toda a gente que o estava a ouvir (ao dar a entender que estava responder e não estava, porque não só disse uma vulgaridade, como ficamos sem saber se o novo Governo não será, até, exactamente o mesmo que o actual, e, em particular, se a ministra da Educação não será também a mesma).
Obrigatoriamente, sente-se repugnância por alguém que não tem vergonha de se comportar assim.

P.S. Finalmente, vemos uma jornalista que honra o jornalismo. Clara de Sousa teve um desempenho brilhante: rigorosa e sem medo de estar a entrevistar aquele que não se coíbe, nem coibiu ao longo de quatro anos e meio, de tentar, por todos os meios, condicionar o trabalho dos jornalistas. Um exemplo para Judite de Sousa seguir.