sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quem acredita?

Sócrates nega ter tido influência na suspensão do Jornal Nacional de 6ª feira, da TVI. É possível que seja verdade, mas quem pode acreditar no que o primeiro-ministro afirma?
Sócrates afirmou, há umas semanas, no Parlamento, que desconhecia o negócio que estava a ser preparado entre a PT e a Media Capital, dona da TVI. Afinal, conhecia.
Sócrates começou por afirmar, há uns meses, que não tinha participado em nenhuma reunião com representantes da empresa inglesa responsável pelo projecto do Freeport. Afinal, participou.
Sócrates assinou projectos de engenharia elaborados por amigos seus, que estavam legalmente impedidos de os elaborar, pela simples razão de que eram eles próprios que os aprovavam, enquanto técnicos da Câmara Municipal da Guarda. Sócrates sabia disso e, mesmo assim, foi cúmplice com os seus amigos no desrespeito pela lei.
Sócrates disse que nunca se tinha feito passar por engenheiro antes de ser licenciado. Afinal, fez-se passar por engenheiro antes de ter obtido a licenciatura. As provas já foram mostradas: rasuras e alterações feitas em papéis oficiais do Parlamento, onde, inicialmente, se auto-intitulava de engenheiro, sem o ser.
Sócrates disse que tirou uma licenciatura em circunstâncias normais. Afinal, não foram normais. Não é normal enviar, por fax, para o professor, um teste feito em casa. Não é normal um só professor leccionar cinco disciplinas a um aluno. Não é normal a data da pauta corresponder a um domingo.
Sócrates disse, e continua a dizer, que antes do seu Governo não existia nenhuma avaliação dos professores. Afinal havia avaliação, e mais séria do que a imposta pela sua dilecta ministra.
Sócrates disse que nunca aumentaria os impostos. Afinal, aumentou.
Um político que vive no meio de permanentes e consecutivas trapalhadas, que credibilidade pode ter junto dos seus concidadãos?
Não interferiu, por via directa ou indirecta, na TVI? Não teve qualquer influência, directa ou indirecta, na ilegalidade, na ilegitimidade de uma administração intervir no trabalho jornalístico? Não teve qualquer responsabilidade, directa ou indirecta, no acto que viola objectivamente a liberdade de imprensa?
Quem acredita?