sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Fragmenti veneris diei

«De volta a Genebra, Susan apresenta-me a Jalil, um jovem suíço que faz parte de uma banda. Estamos a beber vinho. O inglês dele é um pouco macarrónico, pelo que a namorada, uma americana loura agridoce do Minnesota, faz de tradutora-intérprete. Chama-se Anna. É doce quando está sóbria, mas quando bebe - que me parece ser com alguma frequência -, emerge dela uma mordacidade crua.
- Por que razão são tão felizes os suíços?
- Porque sabemos que temos sempre a possibilidade de nos matarmos -, diz com uma gargalhada, mas não está a brincar. A Suíça tem uma das leis mais liberais sobre a eutanásia. Há pessoas de toda a parte da Europa que aqui vêm morrer.
A singularidade de tudo isto é evidente: na Suíça, é ilegal puxar o autoclismo depois das 22 horas ou cortar a relva ao domingo, mas é perfeitamente legal pormos fim à nossa vida.
[...]
Os suíços têm mais opções do que qualquer outra população do planeta, e não é só no que toca a chocolates. O seu sistema de democracia directa significa que os suíços estão constantemente a votar questões importantes e questões pouco importantes: quer seja a adesão às Nações Unidas, quer seja a proibição do absinto. O suíço médio vota cerca de seis a sete vezes por ano. Os suíços acreditam que qualquer coisa que mereça a pena ser feita deve ser feita com seriedade. E o mesmo se passa com a votação. A determinada altura, os suíços chegaram mesmo a votar o aumento dos seus próprios impostos. Não consigo imaginar os eleitores americanos a fazerem a mesma coisa.»
Eric Weiner, A Geografia da Felicidade, Lua de Papel, pp. 52-60.