quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Às quartas

Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!), porque não raia

Já na esfera de Lísia a tua aurora?


Da santa redenção é vinda a hora

A esta parte do mundo, que desmaia.

Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia

Despotismo feroz, que nos devora!


Eia! Acode ao moral que, frio e mudo,

Oculta o pátrio amor, torce a vontade,

E em fingir, por temor, empenha estudo.


Movam nossos grilhões tua piedade;

Nosso númen tu és, e glória, e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!


Manuel Maria Barbosa du Bocage