terça-feira, 21 de abril de 2009

Prognósticos para uma entrevista anunciada

Hoje à noite, o primeiro-ministro vai ser entrevistado na RTP1, pela jornalista Judite de Sousa. Entretanto, foi anunciado pelo gabinete do chefe do executivo que será aí que vai ser dada a resposta à questão que tem afligido os portugueses:
- quando José Sócrates afirmou que «o país não precisa, neste momento, da política do recado, do remoque, do pessimismo, do bota-abaixo ou da crítica fácil», estava ele a responder ao presidente da República (que no dia anterior havia dito: «seria um erro muito grave, verdadeiramente intolerável, que, na ânsia de obter estatísticas económicas mais favoráveis e ocultar a realidade, se optasse por estratégias de combate à crise que ajudassem a perpetuar os desequilíbrios sociais já existentes ou que hipotecassem as possibilidades de desenvolvimento futuro e os direitos das gerações mais jovens»)?
Terá o primeiro-ministro respondido, desta forma grosseira e directa, ao presidente da República? Sim ou não? Toda a gente sabe que sim. Mas também não é difícil de prognosticar que Sócrates vai dizer que não. Será mais ou menos assim:
Judite de Sousa:
- Senhor primeiro-ministro, quando há dias disse que
o país não precisava «da política do recado» estava a responder ao senhor presidente da República?
José Sócrates, com ar condoído, vitimizado, sofrido, responde:
- Judite de Sousa, a Judite de Sousa sabe que nunca verá, da parte do primeiro-ministro, qualquer iniciativa de guerrilha institucional ou até de crítica pública ao senhor presidente da República. Nunca o verá, pode estar certa disso, Judite de Sousa. Absolutamente certa. Mas, já que me faz essa pergunta, aproveito para esclarecer, e para desiludir aqueles que desejariam ver conflitos entre diferentes órgãos de soberania, que aquilo que eu afirmei nunca poderia ser dirigido ao senhor presidente da República. E não poderia ser dirigida ao senhor presidente da República por uma razão muito simples: eu não entendi nem entendo que as palavras do senhor presidente da República tivessem sido dirigidas ao Governo. E acrescento, Judite de Sousa, que eu próprio subscrevo integralmente a mensagem que o senhor presidente da República quis endereçar a todos. Eu sou o primeiro a subscrevê-la, pode estar certa disso. E eu e o meu Governo temos feito tudo para que isso assim aconteça.

Vai uma aposta?