quarta-feira, 18 de março de 2009

O que os movimentos/blogues podem propor que se faça e o que os movimentos/blogues podem fazer - 2

O que os movimentos/blogues podem fazer

É consensual que o Governo que temos é um Governo que vive da e para a imagem - assemelha-se a uma realidade virtual, sem substância, reduzido ao marketing que o sustenta. Ontologicamente este Governo equivale a nada. Julgo que não deve ter havido, em Portugal, um Governo semelhante a este: manipulador da opinião pública, despudoradamente demagogo, falsificador e adulterador da realidade através do jogo das estatísticas e da sedução de parte da comunicação social. Sobrevive à custa de um ininterrupto e medonho faz-de-conta.
A encenação, a aparência, a imagem constituem, desta forma, o ponto forte do Governo. O ponto forte e o ponto fraco, porque, se atingido nesse ponto, o Governo fica reduzido a coisa nenhuma e desnuda-se o imenso vazio que o preenche. Ora, no Governo, para além do primeiro-ministro, o paradigma desta enorme encenação, deste incomensurável fingimento é o Ministério da Educação, ao qual acrescenta incompetência técnica e incompetência política.

Defendo, por isso, que, para além das iniciativas que devem propor (Fórum Nacional «Compromisso Educação», Manifestação/Marcha Nacional e Greve prolongada), os movimentos/blogues deveriam empenhar-se seriamente na preparação de uma grande campanha pública de descredibilização da política do Ministério da Educação, em particular, do seu incompetente modelo de avaliação.
Neste momento os movimentos/blogues (ainda) gozam de alguma boa imprensa, isto é, alguma comunicação social (alguns jornais, algumas televisões e algumas rádios) está receptiva às notícias oriundas dos movimentos/blogues que ainda são uma novidade e uma lufada de ar fresco no meio dos rituais gastos do movimento sindical e dos jogos de interesses partidários.
É fácil para os movimentos/blogues conseguir a atenção dessa comunicação social para iniciativas que venha a desenvolver: conferências de imprensa, entrevistas, acções públicas. Deste modo, é possível aos movimentos/blogues elencar e depois divulgar com eficácia mediática a «casa de horrores» que é o Ministério da Educação. É um imperativo profissional fazê-lo, e, ao ponto de degradação a que a política educativa chegou, é também um imperativo ético fazer a denúncia pública do pântano em que as escolas foram transformadas, pelas medidas impostas pela ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
Durante o 3º período, uma vez em cada semana, de modo planificado, os movimentos/blogues deveriam convocar uma conferência de imprensa para denunciar as múltiplas situações de objectiva/o(s):
- incompetência técnica da ministra da Educação e dos seus secretários de Estado;
- injustiça de que muitos professores foram e estão a ser alvo;
- violação dos mais elementares direitos, como seja o direito ao respeito e à dignidade profissional, operada por um escandaloso concurso para professor titular;
- ilegalidades geradas pela própria legislação produzida pelo ME;
- incompetência avaliativa de muitos dos itens que compõem as fichas de avaliação do desempenho docente;
- incongruência e farsa do simplex;
- faz-de-conta que é o estatuto do aluno;
- incoerência das declarações da ministra da Educação ao longo do último ano;
- incompetência política de Maria de Lurdes Rodrigues que sempre sobrepôs e sobrepõe os interesses pessoais e partidários aos interesses do país e, em particular, aos interesses da Educação.
- etc., etc.

É uma campanha fácil de realizar, porque basta contar a verdade.
Uma campanha destas, planificada e preparada por uma equipa alargada de professores, encontra facilmente dezenas ou centenas de situações reais que de forma evidente revelam a impreparação e a incapacidade da ministra da Educação para o exercício do cargo. Ao contrário do que a propaganda do Governo e do PS quer fazer crer, esta ministra da Educação constitui uma vergonha nacional. E esta realidade tem de ser denunciada até à exaustão e até às eleições legislativas.
Esta campanha possibilita alcançar quatro objectivos fundamentais:
1. Descredibilizar e ridicularizar o Ministério da Educação;
2. Remobilizar os professores para a contestação e para a firme oposição à desastrada e desastrosa política educativa deste Governo;
3. Credibilizar a imagem dos movimentos/blogues pela rigorosa fundamentação técnica do escrutínio que fazem à política educativa;
4. E, finalmente, mostrar que existem alternativas de modelos de avaliação mais competentes e mais justos.