quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O reino da impunidade

Instituiu-se que a política é o reino da impunidade. Os responsáveis políticos podem cometer as maiores barbaridades políticas e não sofrer quaisquer consequências. A maior parte não sofre mesmo consequência alguma. Alguns, pelo contrário, são até premiados: veja-se os casos de Durão Barroso, que será recandidato a presidente da Comissão Europeia e Santana Lopes que, ao que parece, vai ser candidato a presidente da Câmara de Lisboa.
Porque o reino da política é o reino da impunidade e da inimputabilidade é que é possível que a actual ministra da Educação e os seus secretários de Estado ainda não tenham sido demitidos.
Política e tecnicamente incompetentes, por que razão se mantêm eles no poder? Exactamente, porque no reino da política tudo é possível.
A ministra da Educação é autora de aberrações legislativas que, sem qualquer dúvida, envergonhariam o mais empedernido cara de pau que se possa imaginar. O concurso para professores titulares não tem classificação. É o paradigma absoluto da incompetência e da irresponsabilidade. Mas como é uma coisa da política não lhe acontece nada. Inquinou todo o processo de avaliação, mas como é uma coisa da política, Maria de Lurdes Rodrigues passeia-se alegremente pelas passerelles sem o mais pequeno remorso, sem o mais pequeno sinal de arrependimento.
O modelo de avaliação de desempenho que quer impôr, através do autoritarismo, através da arrogância, através da irresponsabilidade política é outro arquétipo de incompetência e de má governação.
O Estatuto da Carreira docente é um amontoado incoerente de ideias assentes no preconceito ou no mais primário senso comum.
O Estatuto do Aluno é outro amontoado de facilitismos e de burocracias, cuja suprema vergonha foi a sua recente alteração através de um despacho que desdiz, objectivamente, a lei aprovada na Assembleia de República.
Mas nada disto tem importância porque estamos no reino da política onde tudo vale e ninguém paga por nada. Ou, melhor, poderia pagar se tivéssemos um primeiro-ministro que pensasse no país e não na sua vaidade pessoal. Mas não temos.
Perante este medonho absurdo que podem/devem os professores fazer?
O que têm feito: serem profissionais e recusarem, sem hesitações, a avaliação.
E aguardarem nove meses até que quem já está politicamente morta seja, em definitivo, colocada em casa, que é o local de onde nunca deveria ter saído.