terça-feira, 21 de outubro de 2008

Que dizem os paladinos defensores deste modelo de avaliação sobre a recomendação do Conselho Científico?

Excertos da recomendação nº 2/CCAP/2008, que a ministra da Educação faz de conta não conhecer e que alguns professores também fazem de conta que nunca ouviram falar :

«De momento, não existem instrumentos de aferição para determinar com objectividade o progresso dos resultados escolares dos alunos, dada a multiplicidade e complexidade dos contextos em que as aprendizagens se fazem e a natureza de inovação que este factor introduz;
[...]
A produção de instrumentos de aferição fiáveis e de reconhecida credibilidade científica é uma tarefa complexa e morosa, a desenvolver por instâncias competentes e alheias ao processo de avaliação de desempenho;

Torna-se necessária a existência de normas internacionalmente aceites parta a produção de testes que atendam à multiplicidade e complexidade referidas, bem como a produção de indicadores de valor acrescentado para a quantificação de progressso dos resultados escolares, para promover a eficácia do sistema sem pôr em causa os princípios e os valores que o enformam, nem permitir a insegurança gerada pela ausência de monotorização isenta e rigorosa;

A utilização dos resultados escolares e a análise da sua evolução, para efeito de avaliação de desempenho, não deve desligar-se do contexto particular da turma e dos seus alunos, nem limitar-se, de forma alguma, a uma mera leitura estatística dos resultados;

No contexto de complexidade do processo de aprendizagem, não é possível determinar e aferir com rigor até que ponto a acção de um determinado docente foi exclusivamente responsável pelos resultados obtidos, conforme a literatura científica consensualmente refere

Em consequência, o Conselho recomenda que:

A melhoria dos resultados escolares constitua, em primeira instância, uma resposta partilhada pela escola e pelo docente;
[...]
No caso particular do processo de avaliação de desempenho ao ano escolar de 2008-2009, o progresso dos resultados dos alunos não seja objecto de aferição quantitativa; [...]».
Conselho Científico para a Avaliação de Professores, Princípios Orientadores sobre a organização do processo de avaliação do desempenho doceente – recomendações n.º2/CCAP/2008, pp.10-12.

Como é possível fazer de conta que o texto desta recomendação não existe?
Que responde a isto a ministra da Educação e os seus secretários de Estado?
Como é que alegre e irresponsavelmente, nas escolas, há quem faça de conta que nada disto foi escrito e publicado?
Que argumentos foram apresentados para contrariar os fundamentos desta recomendação? Já foi conhecido algum argumento, um único, pelo menos, que rebata o conteúdo desta recomendação?
Apesar de tudo isto, a incompetência avaliativa deste modelo vai continuar, impunemente, a disseminar-se pelas escolas?