quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mais exemplos da «grande alegria» e do «enorme entusiasmo» que a ministra da Educação vê nas escolas

Público, de hoje:

«Fátima Búzio, vice-presidente do conselho executivo da Secundária do Entroncamento [...], aos 55 anos de idade e 36 de serviço, vai entregar os papéis para a reforma no próximo mês. Mesmo sabendo que vai ter uma penalização de 30 por cento. "Estou farta de ser humilhada e maltratada por esta equipa ministerial. Prefiro ser feliz com menos dinheiro", afirma.
Como ela, também o presidente da escola e vários outros colegas já tomaram idêntica decisão. Há o caso de um professor doutorado que decidiu deixar de dar aulas e ficar com uma pensão de 1500 euros ilíquidos — uma enorme penalização face aos mais de dois mil euros que receberia se não se aposentasse antecipadamente.
O problema, garante Fátima Búzio, é que quem está a deixar a escola é quem sempre trabalhou. "Sempre trabalhei muito, apresentei projectos, sempre adorei a escola. Agora perdi a vontade. Em 36 anos de serviço, não me lembro de ver tanta desmotivação e tristeza na escola", relata.
[...] Isabel Melo garante que "não são um, nem dois, nem três, mas centenas" os professores que querem deixar a escola. "Há quem esteja a aceitar penalizações de 30 e 40 por cento. E só não vão mais porque não têm o mínimo necessário de 33 anos de serviço". Diz que há docentes que estão "extremamente cansados" e que o "ambiente nas escolas é qualquer coisa de terrível". "Há um desespero muito grande e os professores sentem-se defraudados", conclui.»

Perante todos estes exemplos, que diz o secretário de Estado da Educação, Válter Lemos? Diz isto: «Não acho nada que os professores tenham demonstrado falta de motivação, bem pelo contrário: os resultados escolares melhoraram muito e isso deve-se ao seu trabalho».
Não tenho memória de ter conhecido, nestes 34 anos de democracia em Portugal, governantes possuídos de um tão elevado grau de farisaísmo político, como os actuais.