terça-feira, 28 de outubro de 2008

As duas faces da mesma moeda

Com o discurso demagógico, e já gasto, que o caracteriza, Mário Nogueira vem agora dizer que " ... não pode é haver uma manifestação em que o discurso antiministerial é tão forte como o anti-sindical".

Mário Nogueira e os seus colegas da Plataforma Sindical sabem bem que não há um discurso anti-sindical por parte dos professores que mais se têm destacado, particularmente na blogosfera, na luta contra a monstruosa política educativa actual. O que efectivamente acontece é que toda a oposição frontal à política do ME é, inevitavelmente, também oposição à política sindical de que Nogueira é o rosto mais visível. Porque os sindicatos, desde que este Ministério iniciou funções e, sobretudo, no percurso que os conduziu ao miserável memorando de entendimento, mais não foram do que instrumentos de defesa dos interesses instalados na nomenclatura sindical e "balão de oxigénio" de uma equipa ministerial que, em 8 de Março, estava à beira da asfixia.

Nogueira e os outros sabem bem que todo o discurso reivindicativo e contestatário de uma classe profissional é, primeiro que tudo, um discurso sindical. Por isso, é absolutamente legítimo afirmar que o único discurso verdadeiramente sindical existe hoje ... à margem dos sindicatos!

Desgraçadamente, os professores estão hoje representados por sindicatos cuja natureza se preverteu no pântano de compromissos e jogos de poder que estão há vista de todos. Quem, como fizeram os sindicatos, aceitou discutir e negociar (?!) o vergonhoso Estatuto da Carreira Docente e o inqualificável concurso para Professores Titulares, não merece a confiança dos que, todos os dias, sentem a sua dignidade em causa. À monstruosidade jurídica que hoje regula a carreira docente e que humilhou de forma vil, e indigna de um Estado de Direito, milhares de profissionais dedicados, os sindicatos responderam com compromissos que, de medida em medida, apenas contribuíram para que a cada iniquidade outra se sucedesse, que cada atropelo desse lugar a outro.

O corpo docente vive hoje uma terrível realidade: cada nova doença faz cair no esquecimento a anterior, até que o corpo esteja irremediavelmente contaminado. É isso que, por certo, sentem aqueles que optam pela reforma antecipada com graves penalizações financeiras.

Porque, como cantava o Sérgio ... "antes o poço da morte, que tal sorte", é absolutamente necessário não ceder à demagogia dos sindicatos.
A manifestação de 15 de Novembro pode ser a derradeira oportunidade de darmos sentido à força da razão que temos... e à razão de sermos livres.