quinta-feira, 3 de julho de 2008

Assim se vê o futuro de Portugal

Excertos de um post do blogue: paulocarvalhoeducacao.wordpress.com

«Terça-feira, 1 de Julho de 2008:
Estou eu a degustar a minha janta e a ver o concurso do Jorge Gabriel [...] e assisto a um belo exemplo daquilo em que Portugal se está a transformar. Tudo começa com um cavalheiro com o 12º ano completo, repito, 12º ano, director de um call center, que na primeira pergunta não sabia que 12 era o quádruplo de 3. Incrível não é? Mas nada que se compare com o que estava para vir.
Entra então em cena uma menina, com um ar pindérico QB, que, altivamente, disse que era estudante do curso de Matemática Aplicada. Atenção: ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR DE MATEMÁTICA APLICADA.
Primeira pergunta: Complete: Fazer o bem, sem olhar a…
Comentário dela: «eh pá, deve ser algo terminado em… ar!!!
Fiquem sabendo que esta ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR DE MATEMÁTICA APLICADA não sabe este curto e simples provérbio. Mas até aqui nada de anormal! Espreitou e seguiu.
Segunda pergunta: que nome se dá a cada grupo de 3 algarismos nos números? Fiquem sabendo que esta ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR DE MATEMÁTICA APLICADA, repito, ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR DE MATEMÁTICA APLICADA, não sabe o que são CLASSES de números. Copiou e continuou.
Entretanto perdi parte do programa (imagino o que perdi, mas não consigo encontrar a gravação do programa, nem no site da RTP sequer).
Quinta pergunta: como se chama o período político que vigorou em Portugal entre 1930 e 1974?
Comentário dela: hum… eh pá, deve ter algo a ver com Salazar, não? O Jorge Gabriel já lhe estava com um pó… ainda assim, com uma simpatia mal disfarçada lhe disse que Salazar desapareceu em 70 e até 74 foi Marcelo Caetano. Mas ela insistiu e respondeu: SALAZARISMO.
O Jorge Gabriel sentiu um alívio enorme e mandou-a embora. Fiquem sabendo que esta ESTUDANTE DO ENSINO SUPERIOR DE MATEMÁTICA APLICADA nunca ouviu falar no Estado Novo.
[...] Eis um belo exemplo daquilo em que este país se está a transformar: um bando de gentalha mal criada e educada, que à sombra de um facilitismo sobranceiro, com o conluio do Ministério, progridem academicamente, sabendo assinar de cruz e pouco mais. Depois admiram-se com o desemprego entre licenciados…
Num país onde as licenciaturas saem no OMO e no KINDER SURPRESA e as escolas estão proibidas de obrigar quem não sabe a saber um pouco mais, caminhamos para um Estado absolutamente imbecil e ignorante.
Continue, Sra Ministra! Esteja descansada, porque tudo isto é culpa dos professores!»

Paulo Carvalho