segunda-feira, 24 de março de 2008

Quem quer casar com a carochinha...

Estou à espera que me enviem um questionário pelo correio, o e- ou o outro. Não estou abrangida pelo estatuto dos recém-casados, nem tão-pouco pelo dos recém-professores (não confundir com contratados, que estes, em larga maioria, já se recém(tem) de muito livro de ponto, onde inscreveram sumários por esse país adentro). Mas espero a hora em que um formulário me visite. Olá, senhora professora, venho pedir a sua cooperação para, ao abrigo do dever de colaboração com a administração fiscal, responder, no prazo máximo de 90 minutos, a um conjunto simples de cerca de mil (ou cem, para simplificar) questões relacionadas com a realização da sua actividade docente. Começo já a sacar do cartão multibanco (ao meu formulário vinha, acoplado, um terminal ATM, para evitar as fugas ao fisco), pois não me lembro quanto dei pelos tinteiros adquiridos nos últimos meses, falha-me a memória acerca das resmas de papel que sempre adquiro no mesmo hipermercado, esquece-me o NIF das gasolineiras onde alimento o veículo que me transporta ao trabalho.... mas compreendo, compreendo que, enquanto preencho o modelo de IRS relativo a 2007, me dou conta do quanto perdi, do quanto venho perdendo em cada dia que passa sob esta mesma política governamental que me congelou, que me ignorou quando saí à rua, que me desrespeita, que denigre o meu trabalho, que me quer fazer de analfabeta e incapaz quando digo não! Diviso as ameaças e pago... mas pago em letras!